03/10/2008

O DIA "D" DA ALMA APAIXONADA - O DESFECHO

O meu avô hoje levou-me ao parque para um dia especial. Disse que eu ia participar na parte final de uma história que ele escreveu com muito amor. Estou contente e curiosa de ver e sentir o escrever da história contada pelo meu avô querido.
Estou a andar no baloiço que eu gosto muito e vejo entrar um menino que parecia um príncipe e que eu nunca tinha visto brincar neste parque.
O menino vinha com um homem de olhar triste e que parecia ter estado a chorar. Devo dizer que o menino tinha um olhar ainda mais triste e eu franzi a testa, curiosa, porque estou muito habituada a ver os meninos e meninas muito felizes e risonhos nas brincadeiras.
Fui ter com o menino e perguntei como se chamava e ele disse que era Bernardo e baixou os olhos para o chão, de braços caídos, como quem espera que o levem, ou lhe tragam algo que perdeu.
_Bernardo, queres andar no meu baloiço?
Ele disse que sim com a cabeça e encolheu os ombros em simultâneo. Agarrei na mão dele e levei-o para o baloiço. O pai dele,de olhos tristes, ficou a olhar embevecido e ausente, como se a visão do filho fosse uma miragem.
_ E tu, como te chamas?
_Eu sou a Tita, mas na história sou a Princesa do amor "Criz"
_O menino sorriu avô!...
Eu disse ao Bernardo que estava no parque com o meu avô e perguntei quem era aquele senhor que estava com ele. O Bernardo disse que era o pai dele. Que ele gostava muito do pai.
_ E a tua mamã? Perguntei curiosa por ele não falar da mamã.
O bernardo encolheu-se todo e baixou a cabeça. Os olhos ficaram ainda mais tristes e disse muito baixinho que a mamã dele tinha partido. Não sabia se voltava. E tinha muitas saudades de estar com ela, de a ter. E desatou a chorar.
O pai aproximou-se e pegou no Bernardo fazendo.lhe festas na cabeça de cabelos castanhos. E eu disse.
_Não chora, Bernardo, vais ver que a tua mamã não partiu. Eu sou a Princesa Criz,do amor entre os meninos e vou fazer uma magia.
E fiz uns gestos no ar com uma varinha imaginária. E disse umas palavras que eu dizia serem mágicas. E abracei o Bernardo que deixara de chorar e dei-lhe um beijinho e um abraço forte.
_Vamos jogar a bola?
Mas o Bernardo já não me ouvia, um sorriso lindo, enorme deixava ver uns dentes lindos e certinhos, tão brancos como os meus. Os olhos dele iluminaram-se de uma luz maravilhosa como eu só vira, ainda num sonho que tive.
_Mamã!...
Eu vi o Bernardo correr para uma senhora muito bonita, que também parecia uma Princesa. Vestia um vestido azul bebé e tinha um sorriso do tamanho do mundo. Os olhos tinham lágrimas e eram grandes. Pegou no Bernardo com uma alegria que parecia o meu avô quando está uma semana sem me ver.
O pai do Bernardo ficou parado onde estava, a ver o filho correr e disse apenas, com os olhos muito abertos-
_Cristina!...
Fiquei a saber que a mamã do Bernardo era Cristina. E que por qualquer razão tinha partido.
E que por qualquer outra razão tinha voltado.
_Avô, é o fim da história?
_Não meu amor, nas histórias da vida não há fim, aprenderás pelo tempo.
_Ainda bem, disse eu.
E fiquei pensativa a ver como a Cristina abraçava o Bernardo e o pai dele e ouvia a voz do Bernardo a dizer " mamã, papá, vamos brincar.
Um homem que parecia o meu avõ olhava também ele a cena da Cristina reunida à família, como se fosse parte do elo que os fazia caminhar numa direcção única.
_Avô, quem é este?
_ Um mistico, Anastácio Bandarra, um poeta.
_Avô e o que é um poeta?...
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É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo a vossa proposta.

J.R.G.

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