20/02/2010

"QUANDO UM HOMEM SE PÕE A PENSAR!..."s

a lua é um fio dourado em foice crescente
a noite fria no silêncio da cidade
falamos de amor no jardim da alma transparente
trocamos beijos carícias sensualidade

em cada noite atraídas pelo luar
as palavras se libertam dos ancestrais conceitos
escorrem pelos corpos docemente devagar
deleitam-se e entram persistentes em nossos peitos

já não se ouvem grilos nem o cantar das cigarras
por sorte ainda cintilam no céu estrelas
damos as mãos sorrimos quando me olhas ou agarras
desembrulhamos segredos ocultos nas almas belas

lembro de ouvir dizer aos cientistas
que a máquina viria devastadora substituir o homem
gerando abastança e desgraças nas conquistas
dum lugar seguro entre blocos de cimento e a desordem

lembro que a ideia era dar tempo à vida se realizar
reduzir o esforço e a carga do horário
enriquecer o homem no lazer em sabedoria e em pensar
não era atormenta-lo com encargo e sem emprego triste binário

entre o tempo de pensar e o deleite de amar
a lua percorre a sua rota envolta de magia
sorri e tem olhos que entram na alma para a encantar
tem um halo de mistérios que nos provoca e inebria

porque viemos que tempo é este que nos espera
enlaçamos os corpos na ansiedade da procura
sabemos que o homem deixou de pensar que desespera
que entregou à máquina esse esforço sem alma nem ternura



autor: JRG

14/02/2010

A TUA VOZ

há na tua voz a harmonia
entre os sons que a alma dá ao coração
é suave e doce sensual melodia
a envolver-me a mente na tua sedução

na raiz as palavras enformam sentimentos
que a tua voz as tornam emotivas
teus lábios que as pronunciam alimentos
estremecem de memórias invasivas

há uma simbiose perfeita quando dizes
entre os olhos e os lábios  o corpo se agita
porque sentes as palavras que nos fazem felízes
e te encantas de dizê-las como um pintor as pinta

na tua voz  a palavra é uma sinfonia
com todos os elementos afinados
há ternura amor firmeza doce e subtil
há um halo de ligação ou uma fantasia
que perfura silêncios modulados
e se evidencia na alma absoluta e dúctil

a tua voz minha alma amante
que se aninha no meu orgão dos sentidos
se expande a me sentir teu instante
de sentir meus versos por tua voz vertidos

autor: JRG

  

07/02/2010

UMA VIDA DE AMOR ENTRE SONS DE GRITOS

Quando a tua voz na discussão se altera e grita

Som estridente que gera confusão e fere

Onde a alma amante que te sente e se agita

Saber que é efémera a revolta que o corpo gere





Ao discutirmos dilemas palavras malditas

Revolve-se a alma no corpo a quente

Palavras que ecoam entre palavras quase infinitas

Até que a calmaria nos sossega a mente





Terá a ver com o momento em que nasceste e eu nasci

O ano o mês os genes que nos dão a consistência

Ou é do saber sem preconceitos que contigo discuti

E do respeito que temos ao sermos na nossa existência





Quando discutimos os olhos tensos alvorotados

E nos dizemos os lábios em trejeitos fartos um do outro

Se saímos em busca de solidão amarrotados

Logo a doçura de nós invade o coração afoito e douto





Faz quarenta anos que te amo e nos gritamos

Gritos que fortalecem nossos desejos

Depois do grito fazemos sexo e nos beijamos

Entre silêncios gritados nos teus beijos





Quando te calas imagino o som do grito sem gritar

A vida deificada fica suspensa de valor

Inventamos factos discordantes entre o sono e o despertar

Na labareda dos sonhos que alimentam nosso amor





Porque te amo sem conscientemente te adorar

Porque te sinto inteira e pura em mim

Sou teu vassalo quando me gritas sem te avassalar

És o meu alimento gritante até ao fim





Autor: JRG

05/02/2010

A CONCORDATA DA OPOSIÇÃO!...

imagem tirada da net
 

Que viva eterno no belo jardim seu presidente

Ele conseguiu ter contra si toda a Nação

Apesar de não haver mais quem o aguente

Ele virou de truão a boa gente para a enfatuada oposição



Numa ilha onde grassa o endividamento

É moda pagar tarde ou nunca a quem fornece se é do Continente

Não sendo de estranhar o patriarcal sentimento

Com que acolhem a prepotência insigne do seu presidente



Estranho é ver a unicidade de grupos políticos diletantes

No aprovar da lei que gerou toda a discórdia

São só migalhas dizem rebarbativos concordantes

Fazem pensar que são parte do presidente nesta mixórdia



Por artes de magia ou por ingenuidade Continental

O rendimento per capita é maior no pedinte que no dador

Ou porque a medida é feita de comum e desigual

Ou é na área do presidente que a capitalização do lucro inclina a seu favor



Como disse a seu tempo um controverso estadista oriental

“Uma faúlha pode incendiar toda a pradaria”

Assim esta lei das finanças regionais é um pretexto ocasional

Para evidenciar a singularidade da nossa mediania



Tenham vergonha o povo vota não à concordância

Em torno de jardim o truão presidente

Mal-educado insolente homem de mão da manigância

Se alguém ceder que se demita o povo não se revê em quem lhe ferra o dente



Autor. JRG