13/04/2008

S.MIGUEL,AÇORES,O SONHO DE ESTAR VIVO-Parte II

A garrafa vazia/de Manuel Maria. A voz rouca, dolente, de Zeca Medeiros, no Cantinho dos Anjos, café rente à rua, na esquina de quem sai do Alcides, onde o Sr. José grava com mestria e paciência Franciscana, o nome de clientes afectos em taças de vinho ou licor, balões de Whisky e os oferece agradecendo a visita . A paixão de ser pessoa.
A decoração a lembrar outros povos, vitórias e derrotas, evidências de culturas, mimos de simpatia Açoriana , num ambiente acolhedor onde bonitas raparigas a sós ou em grupo falam de realidades e de sonhos e soltam gargalhadas diáfanas de alegria esfusiante, construindo certezas no perfume dos aromas.
Que povo é este? Que cruzamento, ou raça pura?
A bela Estela, briosa, de aspecto grave, atento, responsável no atendimento de e sobre cultura e que se diverte à noite em paródias inocentes de procura.
A divina Venilde , linda, o nome a sugerir veleidades de Olimpo, mas terrena, sonhadora e as partidas que a vida lhe pregou. Marco! Como te meteste, meteram nisso? Que tragédia ou ambição te levou ao tráfico, a destruir em lágrimas de sofrimento e dor, os sonhos encantados da mulher que te amava? Do povo que te gerou? As noites pela madrugada na explanação de projectos limpos de droga!...
O Gil do Couto, homem grande na sabedoria humilde sobre a superficialidade enfatuada. A paixão na crença dos milagres do Senhor Santo Cristo. A lisura de uma personalidade sã e conjugativa de amores comuns. O filho Francisco e a pesquisa dos fundos Oceânicos em busca, talvez de Atlântida e Znaida , artesã, o sentido prático da vida, taxativa.
A visita à estufa onde crescem, eu diria milagres gustativos, os saborosos ananases . Abastecer a garrafeira com o licor afrodisíaco do seu néctar.
O dia, onde o Sol e a humidade confraternizam, convida à procura de ambientes mais frescos.
O aroma especifico das infusões naturais. A única plantação em toda a vasta Europa. Os processos manuais de escolha, purificação e embalagem.
A Ribeira Grande. A escavação natural das água vindas da serra em direcção ao mar. O aproveitamento magnifico das margens, convertidas em lugares aprazíveis de lazer e convívio entre povos. As pessoas. Clara, a contagiante melodia das palavras.
E Rabo de Peixe. O lugar maldito, onde a vida se faz ao mar. Tido como perigoso, povoado por inadaptados da comum das gentes da ilha. Bêbados , arruaceiros, oportunistas que obrigam os filhos a não faltar à escola para não lhes cortarem os subsídios estatais, pescadores invejosos, ladrões, piratas. Tudo isto me foi dito. Mas, a avaliar pela obrigação de mandar os filhos à escola, tenho esperança na regeneração.


registed by: Samuel Dabó

2 comentários:

Maria Brandão disse...

O sr. josé do cantinho é uma simpatia e faz do seu café/bar um dos locais mais frequentados da noite micaelense!
Obrigada pelo seu comentário.

tem a palavra o povo disse...

Olá, maninha.
Foi um imenso prazer ter-te por cá e ouvir falar dum cantinho onde passei momentos de observação e doce contemplar das jovens gentes Micaelenses.
Um beijinho de amigo