12/04/2008

AS MULHERES LOIRAS DE OLHOS VERDES DOS AÇORES

Talvez devesse dizer de S. Miguel, porque na Terceira não as vi, e nas restantes não tive a fortuna de conhecer ainda.
De entre as brumas da Lagoa do Fogo, da doce beleza das Sete Cidades, a majestade da ribeira atravessando a cidade do mesmo nome, passando ao lado da ovelha ranhosa, rabo de peixe, a destoar enquanto lugar de fama duvidosa, dum todo quase sem mácula, dos calafrios emotivos ao respirar as entranhas da terra nas caldeiras das furnas, o cozido, o cheiro e sabor a enxofre, até à indescritível sedução do Nordeste, o recorte da costa a pique, as pequenas cascatas nas montanhas verdes de vida, sobressai a mulher loira de olhos verdes e tez clara.
O loiro dos seus cabelos, escorridos sobre os ombros, ondulantes ao vento, não é oxigenado nem platinado, nem louro como eu conhecia, é um loiro diferente e o verde dos olhos não são enganos, como diz o povo, é um verde esmeralda, ou outra preciosidade por mim desconhecida, raiado de outros verdes e denotam esperança.
Observo a silhueta que se aproxima, com uma fixação quase deselegante, desvio-me para ver o perfil da direita, dou uns passos à frente e volto-me, como que alheado, para mirar o perfil da esquerda, e uma vez mais de frente, apanho os olhos nos meus olhos, sorrio e encolho os ombros a disfarçar, e fico ali, a envolver-me, à beira do santuário do Senhor Santo Cristo, a interiorizar uma ideia quase absoluta da beleza feminina.


registed by: Samuel Dabó

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