Há doenças que nos afectam, que nos deprimem, causam dor e morte de gente que faz falta a quem sente a falta, destaco hoje, agora, o cancro da mama, porque nem sempre mata fisicamente, mas destrói imagens coloridas, arruína projectos, desfaz amores que pareciam consolidados.
Os seios são, do corpo feminino, o órgão mais cobiçado e o mais maltratado, pelo parceiro masculino nos jogos ditos de amor.
Alguns homens gostam de peitos fartos, duros, outros gostam de seios mais equilibrados, mas querem seios pertinentes, para saciarem ditos prazeres ou angústias, a falta ou o exceso , no primeiro contacto com o peito materno Frustrações.
Na relação sexual, servem-se dos seios selvaticamente, apertam, sugam, ferem. E pretendem que estejam sempre duros, proeminentes, à disposição da sua gula libidinosa.
As mulheres fazem o que podem para os manter altivos. Sabem que é um ponto importante de dar e receber prazer. Têm filhos. Têm dores. Mas insistem em tudo fazer para agradar e ser agradadas. Em geral, as mulheres têm um orgulho desmedido nos seus seios. Até usam uma peça especifica para os manter suficientemente elevados, como faróis sedutores que ostentam e prometem os restantes atributos não visíveis .
E de repente, por má formação congénita, por tanto terem sido maltratados nos momentos de paixão, por força dos laços genéticos, de per si ou no todo, eis que o impensável acontece. O bicho temível , corrosivo, que só sabíamos nos outros, que não foi detectado a tempo , ou que foi, mas era do tipo expansivo, intratável, toma conta, sem apelo, do seio da mulher.
A mulher que se vê obrigada a suprimir um dos seios ou os dois, sofre um rude golpe a todos os níveis sensoriais do seu ser e ainda constata , muitas vezes, que não passava de um objecto de prazer para o seu par. Quantas vezes abandonada quando mais precisava.
A perda deste símbolo da sua feminilidade e maternidade, causa distúrbios insanáveis que devem obter de nós o melhor da nossa humanidade. E muitas vezes são abruptamente excluídas e sofrem em silêncio, acarinhadas por uma palavra amiga ou a sós, no silêncio de todos os silêncios sem resposta.
O amor, a amizade, a ternura, devem prevalecer sobre a ablação. Sorrir , confiar na grandeza da sua condição de mulher geradora da vida.
Que sei eu disto? Deste drama?
Quíz apenas interromper silêncios. Dizer que estamos aqui e não te excluímos. E embora talvez tarde, agarra a nossa mão e sorri.
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