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há quanto tempo, meu amor?
murcharam flores antes viçosas
secaram plantas ervas daninhas
as águas dos rios pararam
as aves que pousavam na janela
fizeram ninhos nas ramadas
em frente onde te sonho acordada
*
o tempo passa ao de leve
pelo corpo há tanto adormecido
amar-te é tão ou quase a dimensão
do infinito em que adeja o pensamento
a alma o amor a angústia
onde nos somos prisioneiros
fiéis ao preconceito do ser nosso
*
se fossemos nada de ninguém
e nos caminhássemos suspensos
permissivos às mudanças que na mente
ateiam chamas derretem medos
espantam o alarido do silêncio
e nos percorrem todos os sentidos
em busca dos segredos que não há
*
aquela andorinha tão negra
demora o ninho que traz no ventre
verte sinais ou marcas dum outro vento
emite sons subtis no voo rasante
vagabunda do ar entre estações
sempre que pousa és tu olhar
mulher suprema de mim amante
*
visito os locais por onde passas os dedos
taças de cristal sorrisos oblíquos
de onde te roubo em beijos as cerejas
que teimas em prender entre os lábios doces
preso eu de em ti desde a magia de sentir
amor onde tu de em mim florescemos
erva daninha eu talvez na tua sombra
*
há quanto tempo meu amor?
quantas voltas a Terra deu sobre si própria
e em torno do Sol quantas tantas?
os nossos corpos rolaram pelos abismos
d'além e d'aquém onde a meio da noite amanhecemos
na mesma posição pernas abraços sexos
e os cheiros ah... os cheiros...
*
a esperma fluidos suores flatulências
numa mistura fantástica que nos deprime
porque nos faltam as forças mas resistimos
entre flores e ventos de marés
porque exigimos da memória a retoma da vivência
desde o tempo em que paramos de morrer
viajantes sem rumo...à vista
autor:jrg
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