16/06/2011

ESCRITOS À MARGEM DA GUERRA!...ARMADILHAS !!!

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*
porque me escolhias
sempre eu e não um outro
eu que te dissera
sou pacifista
que me esforçava por sobreviver
à violência
nas entranhas da guerra
posto do lado de fora
pela consciência?...
*
no silêncio
apenas os mosquitos
a respiração suspensa
os fios de ligação
à espoleta de falsa segurança
as árvores milenares
e olhos de animais absurdos
espiando os movimentos
dos dedos em volta da granada
*
hoje penso
na similitude fantástica
dos que tecem a armadilha da noticia
o mesmo carácter desviante
o inimigo é o homem
os fios invisíveis que se ligam
que ferem e matam
quando despoletam a figura da bomba
feita de palavras
*
uma granada suspensa
dum lado e do outro do caminho
dissimuladas entre a folhagem
e um fio de morte por entre o restolho
de pétalas vencidas
o gesto preciso o coração em pausa
pé atrás retirar não tocar nada
ele agarra o fio... vai... diz
e segue-me de olhos fixos
*
ali fica a linha fatídica
à espera que nela tropecem
um homem uma mulher uma criança
saídos da sombra da floresta
confiantes da terra a sua que pisam
uma gazela um macaco
ouvia-se o estrondo no recato do quartel
iam ver
se era gazela traziam para comer
*
hoje penso
as palavras orquestradas
urdidas no enlace dos enredos
de caso forjados
no seio de interesses contraditórios
que visam eliminar os mais audazes
que lhes cruzam os caminhos
onde se aninham
medíocres sem chama nem brilho
*
porquê então eu
companheiro de tanta desventura
a pesar-me a consciência
a marcar-me como um ferrete indelével
a morte de alguém por indigência
minha tua
e tu dizias como se nada fosse
porque és calmo... só confio em ti
na ignóbil dimensão humana em que nos acho
*
autor: jrg

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