07/03/2010

A TRAGÉDIA NA ILHA DA MADEIRA

 é usual quando acontece uma tragédia

esquecer por um momento a picardia

agora é pedida solidariedade e não comédia

muda o discurso há que acudir à agonia



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não há culpados nem subserviências

são precisos milhões para dirimir os prejuízos

os que morreram se forem da maralha levam condolências

se da matilha levam quinhões para os jazigos



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bem os técnicos avisaram por antecipação

que ribeiras tão estreitas diminutas de cimento

não seriam eficazes no boom de  construção

substituir  as naturais caleiras sem dar à natura solvimento



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os cientistas esforçam-se em avisos

estamos a destruir por ambição e incúria o Planeta

em nome da riqueza recebem sorrisos

o aquecimento é uma ilusão apenas  se comenta

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se olharmos a dimensão do prejuízo

os poderosos estão sempre na tragédia  protegidos

quem perde morada e bens não tem juízo

por morar em lugares de perigo tão desabridos

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como um castelo de cartas ruiu toda a beleza virtual

a natureza é mais poderosa que o poder montado

o jardim que era no Atlântico um fausto a pedra filosofal

mostrou ao homem o que poderia talvez ser evitado

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os governados têm que interpelar quem diz que os governa

melhor que ser uma pérola sem concha que a proteja

é ter a vida protegida ainda que seja na caverna

em vez de ornada a sala puro luxo para que turista a veja

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cessou a jactância o epíteto o palavrão
depois da discussão da lei por uns tantos milhões
agora é a fartar sem lei nem roque
é preciso enfeitar de novo depressa até ao Verão
dinheiro não faltará à vista das razões
e todos ganham menos os que foram das águas a reboque

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houve de tudo nesta nesta trapalhada
vitimas que iam subindo mal contadas
apelos para esconder a dimensão de estragos
houve até entendimento com os da canalhada
havendo disponibilidade novas obras agendadas
sem vistos haja bananas bolo de mel e cubanos gagos

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nesta triste história da tragédia da Madeira
sou solidário com quem morreu no feudo e inocente
"penso que os deusos estão do lado da ignomínia"
e com os que ficam mais pobres na subida da ladeira
a beleza é da natura  rainha soberana imponente
mau grado o propósito insano que a contagia







autor: JRG





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