25/02/2008

O VAGABUNDO

O velho conceito de liberdade, o estipular que a liberdade de cada qual acaba onde começa a do outro, é uma falácia para ordenar as camadas de gente segundo um critério de conveniência.
O vagabundo é , em si próprio, um símbolo da liberdade absoluta.
O vagabundo não dá nem recebe do estado. Não precisa do estado.
O vagabundo não tem dinheiro, nem precisa. Alimenta-se de sobras e da repugnância dos que o querem ver longe. Colhe o Sol e a chuva, o frio, o calor, e dorme ao relento ou no abrigo de qualquer recanto, sem medos.
O vagabundo não aceita favores nem o abrigo de lares inventados à sua medida, cama, mesa e roupa lavada. A refeição quente do dia. Leis, deveres/obrigações.
Os senhores muito ricos vivem em constante sobressalto. Rodeiam-se de guarda costas. Vivem rodeados por fortes muralhas e protegem os filhos pequenos da promiscuidade pública.
As pessoas ricas vivem atulhadas de medo quando saem à rua, ou se anuncia algum cataclismo económico que não previram ou não puderam controlar.
O vagabundo passeia-se pelas ruas do império que as pessoas ricas criaram, caga, mija e dorme no asfalto.
O vagabundo lava-se nas bicas e lagos da cidade. Não paga água, gás electricidade. Não usa telefone ou celular. Não paga rendas. Não paga impostos. Não utiliza a justiça. Não polui o ambiente. Não faz economias nem gera riqueza. Não joga na bolsa . O vagabundo vê televisão sem pagar taxa e lê de todos os jornais e revistas para não perder o sentido das palavras, sem os comprar. Não teme o trabalho nem o desemprego. Fuma dos restos deitados à rua ou crava os passantes desprevenidos. Pede dinheiro para beber. O vagabundo não perde tempo com o tempo. Não há passado nem futuro. Não promove a guerra, nem precisa de armas de destruição maciça É completamente livre.

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