07/06/2012

TENHO SETE BILIÕES DE AMIGOS...




imagem pública tirada da net
imagem pública tirada da net
*
TENHO SETE BILIÕES D'AMIGOS
*
tenho sete biliões d'amigos
entre os humanóides
e muitos mais de espécies tão diversas
às vezes espreito as estrelas
do lado de fora a ver se vejo outra gente
numa órbita de amor
livre da sordidez apática financeira
*
tenho sete biliões de amigos
tantos tão diferentes
à deriva no celeste firmamento
uns têm pão e água
outros à mingua de alimentos
temos de comum ser na alma
uma criança que ainda não se achou
*
tenho sete biliões de amigos
cada um à procura de motivo para viver
uns são poetas pensadores ou seus contrários
outros são algozes de si mesmos
enredados nas teias de divinos medos
todos vivemos suspensos
da lei gravitacional e da memória
*
tenho sete biliões de amigos
encarcerados no degredo da humana história
divididos por mesquinhas uniões
que potenciam o ascenso de aldravões
destruindo muitos reinos naturais
em nome da mítica inteligência racional
que encobre
*
tenho sete biliões de amigos
à procura de resposta à sua identidade
uns sabem muito de tudo outros de nada
equilibrados por ligações fantasmagóricas
elegemos o ouro como riqueza metafórica
uns esbanjam o ar a água a terra fértil
outros ardem no fogo dos desertos
*
tenho sete biliões de amigos
ah se todos acorressem por um só de tantos sete
e num mítico apelo da razão
uma forma nova de viver reinventassem
onde cada um do outro seria irmão
onde todos acatassem a ordem natural das coisas
plantas mares animais ventos
*
tenho sete biliões de amigos
todos gerados num ventre duma mulher
todos nasceram nus
todos gritaram por comer por protecção e por afectos
que racionalidade os dividiu
em pobre e ricos? que deus ou por que lei?
se todos nasceram tão frágeis
*
tenho sete biliões de amigos
em toda a parte quero que sintam o meu amor
também pelos elefantes leões golfinhos
pelos cães gatos macacos tigres e tubarões
pelos rios mares serras e montados
florestas glaciares plantas e cidades entre as flores
o único poder que reconheço é o da força de viver
*
autor: jrg


1 comentário:

Antonio Esperança Pereira disse...

Muto bom!!! "o único poder que reconheço é o da força de viver". Tal e qual. Veja-se a Primavera, quando tudo começa a nascer, a rebentar...sem qq autorização de ninguém, pelo menos à vista desarmada...e tudo irrompe com uma força vital indescritível!!!
Um abraço