28/03/2009

ERA UMA VEZ...UMA PRINCESA!...(parte 2)

foi deprimente assistir ao que se seguiu
a princesa isolou-se numa ilha abandonada
o príncipe confuso entrou em desvario
lançou recados cioso à bela desapaixonada

ultrapassou limites conveniências foi insolente
chegou a questionar da princesa o prometido dote
ser enxotado sem apelo tratado de insolvente
atingiu na sua mente o que restava de fino porte

sentia o cheiro intenso da vulva ardente como vulcão
de quando ela arreliada se colava desnuda inebriante
os corpos suados ondulantes imbuídos de paixão
o falo teso inchado de sangue do desejo da amante

de como se transmitiam sublimes os orgasmos
numa mistura de gemidos e movimentos da alma impudica
sentia ainda nas entranhas da mente os espasmos
que do sexo dela o apertavam de uma forma cíclica

após um silêncio longo envolto em mistérios de jardins
a princesa voltou à urbe onde o príncipe plebeu fenecia
mudou o visual, do amor que torna o rosto belo e afins,
nada restava e veio aguerrida e nostálgica o que enfurecia

o príncipe abriu os olhos para ver aquela imagem surreal
e viu que ela amava dela o menos belo e perdia a sagacidade
que se esgrimia em falsas questões cientificas que era banal
quis intervir mas era tarde toda ela era memória da felicidade

seguia-lhe os passos devaneantes pelos recantos do jardim
ouvia-lhe o sussurro da voz agreste onde antes era melodia
aspirava o perfume de princesa agora fragrâncias de jasmim
o cheiro do cio autêntico ausente em toda ela se desvanecia

de súbito uma manhã cinzenta em que soprava o vento norte
no jardim ante o palácio nu e frio de onde a vida activa evaporara
viu o letreiro berrante que dizia: vende-se! estou a monte da morte.
partiu à desfilada no peito a ansiedade por saber de quem se enamorara

chegou de noite morto de fome e sono o corpo amordaçado
as luzes faiscavam das janelas coloridas por entre reposteiros
havia lua de luz doce prateada sobre o mar dela manso enamorado
o rosto da princesa nos umbrais memórias ocultas nos outeiros

olharam-se por um momento incrédulos profundos abissais
uma chuva impiedosa repentina transbordou a água da levada
raios trovejantes de seguida cruzavam a noite tétrica ancestrais
a princesa o rosto a decadência o príncipe morreu na madrugada

2 comentários:

Parapeito disse...

...Aqui não aconteceu : ...e viveram felizes para sempre ...

Gostei desta estória :)
Que o fim de semana tenha sido cheio de sol e brisas mansas****

tem a palavra o povo disse...

maria lobos

É uma delicia ler as tuas palavras, por mais simples e breves, porque transportam imagens de pureza.
a mansidão da brisa aromatizada de maresia tornam o Domingo um dia diferente.
Beijinhos