06/08/2008

POESIA ERRÁTICA III

o limite diáfano

Movo-me nos bastidores da poesia,
e coro se de leve a escuto.
Mas o pão de cada dia
à noite está consumido,
e a alvorada seguinte
banha as suas escórias.
Palco só o da minha morte,
se no leito!,
com seu asseio sem derrame...
O lado para que durmo
é um limite diáfano:
aí os versos espigam.
Isso me basta. Acordo
antes que a seara amadureça
e na extensão pairem,
de Van Gogh, os corvos.
Sebastiâo Alba

2 comentários:

Ju disse...

"Isso me basta"
quando sabemos oq nos basta, nada mais é tão importante.
Ótimo texto.
Beijo!

tem a palavra o povo disse...

Ju
Uma alma que sente esta poesia de uma outra alma errática, só pode ser uma alma diáfana de que subscrevo o sentir.
Beijo