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ouço a Grândola Vila morena
que venceu a ditadura
vejo o ar de enfado dos bandidos
se a alma é grande tudo vale a pena
falam demais mentira pura
acabou o jogo não seremos vencidos
*
a protectora dos animais
ofendeu-se com o coelho enforcado
num protesto de estudantes
é bárbaro ofende a honra dos samurais
um coelho mata-se a punhado
e come-se às escondidas dos tratantes
*
Ouço a "Grândola" ecoar pelo país
a revolta revigora a alastrar
qualquer criança canta à despedida
do bando que insiste ser raiz
estando a soldo dos interesses doutro mar
e recusando a ordem de saída
*
o presidente mouco acordou
do sono longo letárgico profundo
veio falar da maré viva
ouviu o clamor do povo e julgou
que era já o fim do mundo
num mar de gente cansada à deriva
*
ouço Grândola a matinal canção
Primavera amanhecida
aos ventos erguida por povo valente
para expulsar o ladrão
mais a dívida forjada e a já vencida
que querem cobrar novamente
*
os criminosos resistem
à ordem feminina de imediata demissão
inglória vontade a dos arguidos
o crime não compensará por mais que gritem
que foram eleitos pela nação
já se ouvem os rumores de novos sentidos
*
ouço Grândola o hino dos humildes
de vilas morenas cidades
rufam tambores cresce o alarido da revolta
mulheres que suspendem as lides
crianças famintas homens sem idades
anda uma revolução à solta
autor: jrg
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