17/09/2011

DA INSURREIÇÃO DAS PALAVRAS...


foto pública tirada da net
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DA INSURREIÇÃO DAS PALAVRAS
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Portugal do tuga desenrascado
anoitece lentamente mais empobrecido
sob a indignação silenciosa dos protestos
como Sísifo pela pedra atropelado
sempre que sonha o paraíso apetecido
eis um retrato para memória dos meus netos
*
o presidente sem glória já sumiu
sentindo o povo estranhamente adormecido
ou estará algures surpreso sitiado
o certo é que nunca mais ninguém ouviu
o seu discurso de politico vencido
entre apelos à história do país endividado
*
o Jardim num desvario apopléctico
posto a nu seu império oculto e despesista
vocifera culpado ao continente
depois amplia o seu discurso tão patético
ataca o mundo financeiro de golpista
e estende mãos a Lisboa antes prepotente
*
há quem veja na mímica Gasparina
uma piada lúdica de estocada
onde outros vêem tão só a insolência
de corte em corte leva o povo à lamparina
ao silêncio da rua apacatada
às voltas no tempo que resta à insolvência
*
na cultura há um apagão colossal
já era escassa de há muito a riqueza criativa
o silêncio indicia novo obscurantismo
não há arte sem engenho nem este opera sem arte
saltimbancos criadores da vida activa
à rua em legitima defesa contra o feudalismo
que corrompe a alma e atinge o baluarte
deste país apagado que se chama Portugal
*
já sabíamos que a salada mista Macedónia
dá saúde e faz crescer renda estatal
a técnica é aumentar o saque para descer
digna dum barão da Patagónia
que vem para matar na cegueira este mal
que retarda a evidência de morrer
*
na economia do seu pedestal Alvarenga
cresce em valimento a paralela
promovida que foi a taxa de exportação
escasseia a frescura solarenga
o que sobra está podre ou nos arrepela
a alma nobre e pura da nação
*
vinha de Mota com a crise solidário
reinventou o atestado ou titulo de pobreza
cortou em toda a linha a tutoria
do estado social despesista e libertário
que cada um construa sua riqueza
deixando o estado recolher a mais valia
*
sobre Cristas de ondas maremóticas
propunha revolver a terra além da mole urbana
mas já não há cavadores de enxada
nem ceifeiras suarentas trigueiras bucólicas
a técnica custa dinheiro verdade insana
nem há alma Portuguesa de tal sorte apaixonada
*
prudente a cortar Relvas no jardim sombreado
sem achas na fogueira que o agitem
num parlamento atulhado em passos perdidos
não há brilho no porte já acomodado
nem os opositores sensatos tal lho permitem
que volte aos insultos antes desmedidos
*
de Cruz bem no alto alevantada
no sinuoso caminho que promove o julgamento
não se vislumbra faúlha de mudança
nem se pode ser intrusa na corporação inquinada
lá vai ministra por um momento
talvez num sonho adormecido de criança
*
ainda ferve na memória célebre o prior do Crato
não tão sábio como este catedrático
apanha a maré baixa dos doutos contestatários
sem descolar da mesa onde está o prato
mantém reduz aumenta sobre o pendor teórico
do ensino que na prática ofende os usuários
*
à coca das polícias anda atarefado o Miguelito
tão verborreico na liderança parlamentar
os outros deixaram as corporações num pântano
e ele sem dinheiro que valha expedito
a prometer que vale mais um ano a gatinhar
do que cair mais à frente sem tutano
*
sem defesa camaleão entre amarelo e Branco
dispara sobre os antes salafrários
de falas mansas numa pasta de intocáveis
cava trincheira na aba dum barranco
de onde avista rasteiro os movimentos contrários
capazes de inverter as ideias mais fiáveis
*
o que ele queria mesmo era espreitar às Portas
viajar à borla pelos continentes
longe dos apertos nas feiras demagógicas
actor de enredos entre linhas tortas
longe dos apelos populares mais pungentes
que usou como bandeiras platónicas
*
no reduto do medo Passos avisa os carbonários
que no feudo é ele só que incendeia
por mais que sejam sem vergonha acirrados
se lhes vão ao património aos salários
ressalvados os direitos "mínimos" dá cadeia
se forem além dos protestos animados
*
o clero divertido alinha na perseverança
bate palmas salva a deus
acha justa por justiça a rapinagem
"se não foste tu foi o teu pai" é a hora da vingança
drogados imbecis republicanos ateus
sem hóstia nem pílula nem dinheiro para portagem
*
perante uma tal prova de esforço
viciada tão torpe e sempre no mesmo sentido
ergo a voz de palavras insurrectas
às almas às almas convoco em alvoroço
acudam ao povo que o adormecem mentindo
à espera que resistam nas formas mais directas


autor: jrg

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