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*
é pouco
ter vindo dum ventre
de mulher chamada mãe
ter gritado como louco
estranho ao ar que me entre
sentindo sem ver ninguém
*
aprendi
que tudo o que sou
já tinha sido em algum lugar
em cada etapa que cresci
na forma como o tempo me moldou
de como conjuguei o verbo amar
*
amei amo amarei
não assim da alma simplesmente
mas de dentro dela
dos confins do abismo direi
onde a memória asperamente
se esforça por tornar a vida bela
*
a madurar
batido pelo vento da inquietude
purificar o sangue nas águas
dos rios que sabem a mar
arder na febre de tanta virtude
colhendo do solo as mágoas
*
na linguagem
tão simples comum e expressiva
dos olhos gestos e sorrisos
quem? desde onde? nos despiu desta roupagem
dividiu em lotes por via repressiva
as línguas naturais dos indecisos
*
cheguei
e vi que todo o saber acumulado
não era mais que nada
uma lista de conceitos que abordei
sem respostas nem luz por um achado
apenas glória empoleirada
*
nada mais é absoluto
a não ser a alma do amor
sou a soma de milénios
assim prossigo sobre a morte sem pôr luto
às vezes sinto frio no calor
outras fogo quando o frio aquece meus neurónios
*
autor:jrg
1 comentário:
Meu querido amigo
Uma vida contada num belo poema...adorei conhecer-te mais um bocado, porque na poesia despimo-nos.
Um beijinho
Sonhadora (RosaMaria)
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