03/11/2010

SAKINEH - ( IRÃO )

uma mulher é condenada
a morrer por apedrejamento
pelo crime de adultério
a turba junta as pedras da calçada
alucinados pelo ajuntamento
gritam palavras contra o impropério

o corpo dela encolhido sem apelo
um último olhar de súplica à multidão
os olhos doces de quem ama ser
por um momento o quebra gelo
que rompe da barbárie a solidão
apadrinhada por um sórdido poder

levantam-se vozes no mundo inteiro
porque a mulher é o ser supremo
gera e cria toda a criatura humana
não há ciência nem dinheiro
que altere a dimensão por isso tremo
impotente de travar razão insana

é apenas um corpo só de uma mulher
a alma dela ilesa fixa o mundo
chovem as pedras no corpo que atormenta
nem um grito no seu silêncio de sofrer
os olhos abertos procuram ver ao fundo
quantas das pedras frustração que acorrenta

pego na alma de SAKINEH amortalhada
levanto o estandarte do amor
vou de povo em povo dentro do poema
pelos lugares na Terra onde a mulher humilhada
seja tida como a mãe que resiste à dor
livre do preconceito e da algema

autor: JRG

1 comentário:

mundo azul disse...

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Belo e triste é o seu poema! Um brado surdo, para um país de leis que não entendemos e nem aceitamos...Somos impotentes, diante de tamanha crueldade.



Beijos de luz!


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