28/04/2010

Á F R I C A

sigo a picada terra amarela
ladeada de vegetação luxuriante
ouço o trinar das aves nas cores da tela
que o pintor retoca em toques de amante


de verso em verso África no poema
ouço o batuque em volta do pilão
meninas cantam dançam no frenesim do tema
batendo ambas a palma de cada mão


inclinam os corpos olhos ao céu
a sintonia do coro das vozes sem maestro
África bela porque foi que tudo aconteceu
todo um povo ser vitima de sequestro...


sinto ainda os odores da floresta
e ouço os gritos alarmistas dos macacos
vejo as crianças de ventre inchado são o que resta
delapidados os recursos em honra dos patacos


seguindo o trilho de gente vitima da tragédia
a fome a sede a sida a malária a violência
a circuncisão barbárie digna da idade média
onde a civilização enforma e realça a evidência 


de súbito terra alagada uma clareira de bonança
o brilho fulgurante nos olhos de meninos e meninas
entre o capim um cheiro intenso a esperança
ouvem-se rumores no som de batucadas sibilinas 

autor:JRG

Sem comentários: