16/12/2009

COMO SE FORA O SEU DEUS

num hiato do tempo estava o poeta sentado
o dia gélido quase nevava árido
os olhos em volta do silêncio calado
o papel a caneta a tábua sobre o joelho dorido
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tinha escrito em cartão sua mensagem
não peço esmola nem a dócil compaixão
escrevo poemas dentro de uma imagem
para prendas de Natal ou coração
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acha a massa humana a crueldade
daquela figura insólita exposta ao dia
frio que cortava a carne pelas ruas da cidade
escrevendo sobre o joelho a poesia
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passa alguém que que se detém e encomenda
trocam palavras riem-se batem os pés
o poema vai surgindo no papel a prenda
em versos ornamentados de outras fés
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estava sentado no adro da igreja
uma senhora distinta interpela o poeta
casa comigo sou rica para que mais ninguém veja
a figura imponente da tua imagem quieta
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o poeta disse que não queria tal riqueza
que se comprazia de ser da palavra um tesouro
que lhe deixasse usufruir do ar e da natureza
que são mais preciosos que todo o ouro
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a mulher rica primeiro pensou que era louco
depois nas palavras dele se iluminou
mandou parar o abate da floresta
que se fechassem os poços de petróleo pouco a pouco
que tudo começasse de novo onde acabou
que cessassem das guerras o que resta
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autor: JRG

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