22/09/2013

MINHA MÁTRIA!



 imagem tirada da net
*

MINHA MÁTRIA

não é possível na Bélgica
na Holanda ou na Suiça
que políticos criminosos
roubem sem devida réplica
protegidos pela justiça
que bafeja os invejosos
*
nem na França e Alemanha
Dinamarca ou Inglaterra
a troco de falsa esperança
se investia em peçonha
culpabilizando os sem terra
para pagar à finança
*
só mesmo um país Portugal
com sentido picaresco
onde quem tem bom olho é rei
um povo cego e frugal
arde num inferno Dantesco
com medo dos fora da lei
*
povo manso ou tão cobarde
fruto da própria mentira
que o fez orgulhoso da história
fecha os olhos e faz alarde
que em vez de avançar se retira
por ser de tão fraca memória
*
digo palavras de indignação
gravadas a sangue plebeu
em tarjas negras de espanto
erijo a MÁTRIA nação
que arde bem dentro do meu
vermelho de desencanto
jrg

04/09/2013

ERA UMA VEZ UM POVO!



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ERA UMA VEZ UM POVO!
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contaram-me uma história histriónica
quando eu era menino
que começava sempre assim
era uma vez um povo
que tinha na alma o desígnio de deus
que pela espada libertou
de hereges vilões e sarracenos
as terras de Portugal
mas a terra era dura o mar salgado
é que era a aventura de
achando confiscar os novos mundos
*
era tão de tanto o sem sentido
que a realeza dispunha
o discricionário poder de repartir
terras e forais hereditários
entre fidalgos curas e lugares-tenentes
às vezes tirando ao povo
por intriga ou avareza desmedida
obrigando os já sem nada
a encher as caravelas que iam às descobertas
assim se fez o império
com bombardas espada e cruz ao peito
*
o povo era cruzado de mal-quistos
desenrascado manhoso
vivia pobre no fausto da astúcia mesquinha
não ia em cortes que o poder era divino
antes gritar um morra à heresia nas fogueiras
da santa santíssima inquisição
que criar um feudo próprio de poder à revelia
que lhe desse outro sustento
depois descarregava na mulher o desvario
de não achar o justo dividendo
semeando filhos sem cuidar do seu sustento
*
um dia veio a República era Outono
vestida de falsa mulher
davam-se tiros à mesa do café e no terreiro
a massa de povo era a mesma
a cáfila das elites escolhida entre letrados
tomou de pronto a direcção
de conduzir o rebanho a um ponto indefinido
munidos da ciência do saber
criaram leis que fixaram curtos os limites
de alguém subir por mérito
ao pódio do poder sem lhes dar jeito
*
o povo era rebelde e contestava
que a liberdade era ilusória
movido pela intriga soez tão difamante
exigia mais repartição 
os sábios mal sabiam governar-se
quanto mais à ínclita nação
foram a pique dando lugar à força bruta
que pôs fim a toda a discussão
deus pátria e família era a nova ordem
que fez de mim povo fora da lei
fui ver a narrativa mas doutro mirante
*
vi que a história que me contaram
era histriónica sem valor real
nem o povo era valente nem a nação gloriosa
somos gente comum a tanta gente
forjados a roubar terra e riqueza alheia
cruzámos inveja com cobiça
entrámos na usura com hábito de religião
mas coesos na postura de parecer
entrámos numa acalmia de fartura faraónica
até ouvirmos falar em bancarrota
borrados de medo entregámos a vida a criminosos
*
e agora que fazer povo idiota?
enquanto uns esperam
pela vinda misteriosa dum messias qualquer
e outros esgrimem ideias falaciosas
alguns desesperam vítimas dos fora da lei
todos a pensar na barriguinha
ninguém abre mão da coragem dantes exaltada
"puta só ladrão só..."
quem tem pernas anda quem não tem soçobra
às urtigas a solidária fraternidade
nem o humanismo se amanha com tanta divisão
*
o que tem força de lei é a razão
centenas de milhar de pensionistas esbulhados
centenas de milhar de desempregados
uma economia paralela vibrante em contramão
enquanto a outra definha
e se enche a tulha financeira do ladrão
numa engenharia Dantesca
a mesma que destruiu Babel de Babilónia
um cavalo de Tróia na humanidade
basta de palavras que não sejam de insurreição
antes pastores da Lusitânia
que vítimas ingénuas desta tenebrosa tirania
jrg
autor do livro: "A Insurreição das PALAVRAS"...porque não?...

01/09/2013

OS FANTOCHES VIERAM DE FÉRIAS!

imagem pública tirada da net
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OS FANTOCHES VIERAM DE FÉRIAS
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vieram de férias
mortos de cansaço
porque se afadigaram
a pensar em coisas pouco sérias
inebriados com aguardente de melaço
para esquecerem quanto roubaram
*
vieram enraivecidos
pelo chumbo do constitucional
juízes que não sabem a lei interpretar
vieram são ladrões ensandecidos
que se apropriaram mentindo de Portugal
searando nos velhos a mirrar
*
vieram de ideia fisgada
"havemos de levar o país à ruína"
conhecem o povo desenrascado arredio
enquanto o país arde numa assentada
espreitam as vítimas que sussurram em surdina
por entre medos e o pasmo do tédio
*
vieram de férias sombrias
são um governo anti-constitucional
com o tempo contado na história
condensaram palavras sinistras de fantasias
acusam uivando como o chacal
sem a consciência que mataram na memória
*
que pode um homem fazer
desesperado sem uma luz que responda
à inquietação que lhe mostra o fim
é um vómito que o estômago recusa suster
se nada faz vomita a ideia que o afunda
à espera que floresçam rosas na secura do jardim
*
é preciso apagar este fogo
que lavra selvagem na nossa dignidade
onde houver uma mulher a pensar
mais um homem de ingénua coragem que a rogo
liberte a vida de falsa liberdade
para que um novo humanismo possa medrar
*
vieram de férias a sangrar
são criminosos de delitos humanitários
que preparam sangrias de medo
sobre os bravos que resistem a servir de manjar
é preciso juntar os revolucionários
para que a mentira não nos leve ao degredo
*
jrg