13/06/2025

SOU DUM TEMPO EM QUE A NATUREZA BASTAVA AOS HUMANOS SEM RECURSOS!!!

 Sou do tempo em que era possivel sobreviver do que a natureza dava...para comer...

-sobremesa lanche e pequeno almoço...
fruta...figos e amoras silvestres...ou outras frutas trocadas por juncos calcados com uma pedra para servirem de atilhos a cenouras, nabos, nabiças...pinhões que caíam das pinhas dos pinheiros mansos ou das pinhas que assávamos em fogueiras feitas nas dunas..
almoço e jantar:
caracois e caracoletas...
cadelinhas ou conquilas apanhadass na maré vaza do mar da Costa ou na Costa do Mar...peixe dos excessos das artes...aves apanhadas nas ratoeiras ou visco ou palma...
berbigão e lingueirão nas vazas do Tejo na Trafaria...
peixe pescado à linha ...ao correcão...largado nas praias da Costa do Mar...
jrg
Hoje não há nada dado...tudo o que há tem dono...ou custa dinheiro
jrg
Pode ser uma imagem de oceano, horizonte, lusco fusco e a praia
Todas as reações:
Tu, Carla Queiros, Nini Oliveira e a 8 outras pessoas

20/07/2024

DEUSA DO MAR

 



foto jrg

 

DEUSA DO MAR

I
aceito o desafio
que minha amiga propôs
ao espelho a alma por um fio
até agir como os robôs
e sentir deslizar o sangue como um rio
*
II
olho a minha mão
tantas vezes dada solidária
o cabelo negro o bater do coração
acuso-me de ser apartidária
insuficiente do poder que alegra a multidão
*
III
já não estou em mim
do lado de fora a preferida dos machões
apenas vejo o fluxo dum jardim
onde me procuro a rasgo de emoções
raiva desassossego amor por fim
*
IV
ambas as mãos sobre espelho
sinto a coragem sobretudo a alma da coragem
aperto os dentes firme no orgulho
a inundar-me do meu sabor selvagem
a que não dobra o joelho
*
V
apetece-me chorar
porque me vejo na emoção do desalento
como onda atirada pelo mar
sou eu assim mesma toda pensamento
num mundo absurdo a entrar
*
VI
de súbito solto a gargalhada
procuro no outro lado do espelho a garra
esgadanho a esfinge moldada
quero afastar esta grilheta que me amarra
o riso como louca desvairada
*
VII
acalmo de mim enternecida
toco com os dedos ao de leve o meu sorriso
sou carente sinto-o mas renascida
afinal sou mulher e deusa se for preciso
amo a natureza e amo a vida
*
VIII
mimo-me faço-me caretas
toco o meu rosto de súbita efusiva alegria
toco nariz com nariz as silhuetas
de mim repentinas numa pausa ou a fantasia
de me pintar a cores sangrentas
*
IX
faço as pazes comigo
tão mais leve reposta que foi a confiança
olhos nos olhos posso contar contigo
dizes e queres abraçar o lado de lá a criança
espelho do teu ser em ti abrigo
*
X
os meus lábios quero beijar
saber-me a mim mulher tão infinita
dentro do tempo pura a desejar
que uma era nova seja por mim predita
vinda no vento ou no mar
*
XI
fazemos um pacto secreto
agora é a sério digo-me é para vencer
eu sou o mundo todo em concreto
porque vi a luz que faz a vida enfim valer
uma ideia de gente a sorrir e eu tão perto
*
XII
eis a mulher que sou à toa
visão de poeta se me assanho pior que gata
sou fêmea tigre chita leoa
defendo a IDEIA de ser maior em cada pata
para destroçar o poder que tem Lisboa
*
XIII
sim sou mulher
consciência feminina da vida e da humanidade
vejo-me no espelho reflectida a Ser
a memória dum tempo antigo em liberdade
com o futuro em mim a acontecer
jrg