19/12/2016

MEMÓRIAS DO TEMPO DAS FESTAS DE NATAL NA VILA ONDE CRESCI...A COSTA DA CAPARICA

MEMÓRIAS DO TEMPO DAS FESTAS DE NATAL
NA VILA ONDE CRESCI...A COSTA DA CAPARICA
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Na vila da Costa da Caparica onde eu cresci, todos os anos pelo natal toda a gente estreava uma roupa nova...todos menos os filhos da Aldigundes porque eram duma pobreza extrema...havia arroz doce na mesa, filhós e rabanadas caseiras...e um brinquedo, nem que fosse de de madeira grosseira ou de lata com pintura esborratada...
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Matava-se o Perú que todo ano se alimentara de minhocas e grãos no juncal...às vezes de restos de hortaliças...porque era o dia de comer carne em terra de peixe farto...
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Lembro aquele natal em que, como habitualmente, não esperava ter os presentes dos meus sonhos de menino...noite dentro ouvi as vozes da mãe e do pai num sussurro de mistério...a noite era fria mas a curiosidade aquecia-me o corpo e a alma impacientes...
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Foi no ano em que descobri que não havia pai natal...que afinal era o meu pai quem preenchia o sapatinho à meia noite com a prenda que podia comprar...acordei o meu irmão após o silêncio que indiciava que os pais se foram deitar e fomos junto à
árvore de natal onde tínhamos colocado as botas de cardas... vimos que as botas tinham presentes...e quando nos preparávamos para os desembrulhar, ouvimos a voz do pai a mandar-nos deitar...
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A noite passou tão lentamente que doía de tanto imaginar o que estaria dentro daqueles embrulhos compridos que não se pareciam com nada...sonhos e pesadelos alimentaram o pensamento adormecido...voltas e mais voltas na cama de folhelho .*
Enfim era manhã...já o sol entrava pela janela e ouviam-se vozes vindas da cozinha...corremos para a árvore...cada qual à sua bota...rasgámos o embrulho...e... a nossos olhos deslumbrados, um revólver que parecia de verdade, grande, de cano
comprido, com o tambor cheio de balas e que rodava...um gatilho que ao disparar fazia um estalido seco...tal qual como os dos filmes americanos que, à socapa, já começáramos a ver...com coldres e tudo...o cinturão...não...não era sonho...
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Só muito mais tarde é que aprendi o verdadeiro significado do natal e de como havia muitos mais filhos de Aldigundes que não estreavam roupa nem recebiam presentes...
Mas pronto...é uma tradição festiva...trocam-se presentes e comem-se iguarias...juntam-se famílias...algumas desavindas aceitam as tréguas e no calor do álcool até trocam abraços e sorrisos...por um dia descobrem a paz e o amor que trazem
escondidos o ano todo...
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Amanhã é já outro dia e uma semana depois um ano novo...renova-se a esperança...acicata-se o ódio...a indiferença...mas há sempre alguém que se passa
para o lado do amor...um dia seremos humanidade a sério...acérrimos defensores da nossa dignidade humana e da dos doutros...para que ninguém fique do lado de fora da
festa...de todas as festas...um dia em que não haja guerra nem terror sobre os inocentes...
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Boas festas para todos e activem a consciência...por um novo Humanismo!...
jrg
minha mãe natal
meu pai natal


PS:
Obrigado meus pais Natal por me incentivarem a sonhar!...jrg

07/08/2016

FESTIVAL SOLDACAPARICA


imagem pública tirada da net
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SOLDACAPARICA
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lembro as árvores frondosas
e o mato diverso
com azedas e acácias emaranhadas
os pinhões graciosos
as toalhas estendidas no chão
para o pic-nique
dos fins de semana d'Agosto
as crianças subindo
árvores e valados escorridos
imagem bucólica
da minha e de tantas infâncias
quando a mata
esta mesma a de Santo António
era mata Nacional
com direito a guarda e lei
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agora o parque
neste século XXI atravessado
pelo embuste e a mentira
de tantas valências que a Polis projectou
tem um festival que o anula
enquanto espaço lúdico de pessoas
de cães e gatos e de crianças
com ruas e espaços de estacionamento
interditos para obras
de montagem e aprisionamento do lazer
mais a norte a mata
foi vendida a privados com carta de alforria
a sul foi-se extinguido
ocupada por habitação e hortas de regadio
salva-se a mata dos medos
até que um fogo bandido a consuma
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": QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO
QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?
- Pedro Oom"
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a resposta tarda por encontrar
neste e noutros domínios
em que a nossa dignidade é ultrajada
que mãe fecharia um espaço de lazer
aos seus filhos e os obrigaria a pagar bilhete
pelo usufruto da natureza
nenhum evento ou festival pode cortar a liberdade
e o direito de viver ao natural
jrg

18/04/2016

ÍNDICE PSI 07 + 1 - BOLSA DE VALORES DA HUMANIDADE

foto pública tirada da net

ÍNDICE PSI 07 + 1
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BOLSA DE VALORES DA HUMANIDADE
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Cotações semanais
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Índice de conceitos e respectiva cotação
os gostos fazem aumentar ou diminuir o valor cotado
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CONCEITOS VALOR BASE POR ACÇÃO
Amor...............mil sorrisos
Sorriso............mil crianças
Mulher.............mil amores
Amizade..........mil mulheres
Crianças..........mil esperanças
Humanidade....mil amizades
Terra................mil humanidades
Homem............mil desculpas
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Os comentários, em jeito de licitação, devem fazer subir
ou descer a cotação de cada item de acordo com a consciência
de cada um face aos valores expostos e em fracções de mil...
Saudações fraternas do
jrg

01/01/2016

BRINDO A UM ANO DE CONSCIÊNCIA HUMANA!


BRINDO A UM ANO DE CONSCIÊNCIA HUMANA!
A todas as minhas amigas...a todos os meus amigos atiro palavras ao tempo, angustiado pela desumanidade das relações humanas, entre famílias, entre grupos, comunidades e estados...penso MÁTRIA...exorto a consciência feminina para que se faça luz...a luz diáfana do amor...do humanismo...para que 2016 nos faça pensar um novo sistema de organização da vida...que 2016 nos iniba de ter medo...o medo de perder privilégios...o medo de não ter...ter...ter...que 2016 nos permita a veleidade de sermos mais humanos...intransigentes para com a desumanidade...que 2016 nos permita sermos mais racionais...usando a inteligência para nos desenvolvermos enquanto espécie livre de todos os preconceitos que as normas e as religiões, ao longo de milénios, nos impuseram como sacras...
jrg
dedico-vos estas palavras que alinhei em jeito de poema:

estalam foguetes
gritos e vivas
apodrecem nas sarjetas
os restos de iguarias
escorrem regatos de champanhe
apertam-se os corpos
beijam-se as faces os lábios
aquecem promessas
rogam-se desejos de mudança
enfim os sorrisos
rasgam de esperança
os rostos sombrios
que vagueiam na noite à procura
dum tempo novo..
jrg