28/01/2013

QUERO EU LÁ SABER...




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QUERO EU LÁ SABER...

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desde há décadas
praticamos a indiferença
convictos d'autosuficiência
sedentários sendo nómadas
perdido sem a confiança
da ego consciência
*
se um vizinho padece de solidão
se a injustiça bate à porta dum bom amigo
se a morte desampara a criança
se alguém passa por nós e nos pede um pão
se me arrepio de frio sem abrigo
se me catam cada tempo na luz d'esperança
*
marginalizados
reformados pensionistas
e outros estratos
selectivamente amordaçados
somos egoístas
perdidos da razão cordatos
*
somos amorfos colectivamente
pueris povo astuto mas sem personalidade
apanhados nus e em flagrante
não será boa gente aquela que se não sente
no ar purificado da liberdade
no amor livre a paixão ardente do amante
*
quero eu lá saber
de um povo que se amedronte
do sul até ao norte
por um punhado de ladrões lhe bater
se gostam eu fico a monte
sou infiel ao medo até à minha morte
*
impotente para travar o roubo
irei à terra  e ao fundo do mar serei pastor
olhos nos olhos com a tirania
a vida é minha não cedi nem cedo o probo
da minha integridade e do amor
porque quero viver o meu fim com alegria
*
incitarei crianças
a se rebelarem contra o tirano
fundamentalistas
de cabelo rapado ou de tranças
fiéis ao amor humano
que deflagrará em actos terroristas
*
resisto à imobilidade dum povo
que arrasta o estigma da sua sofreguidão
a raça é a mesma não me iludo
bárbaros entre si e outros  o que reprovo
queria-os salvadores da nação
que lutassem de alma aberta e contudo
*
vejo a tirania a rir
sobre o sufoco dos mais puros
palavras bonitas a adejar
levo-as é o tempo certo de partir
saltarei os muros
com a coragem vencida de voltar

jrg

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