25/11/2012

PAZ OU IMPLOSÃO HUMANITÁRIA ???





**
PAZ OU IMPLOSÃO HUMANITÁRIA ???
***
que paz quereis
que paz é esta que atormenta
que paz fazemos
que paz é esta que me vos nos mata
que paz erguemos
que paz é esta que nos guerreia
que paz vivemos
que paz é esta cheia de medos
que paz companheiras
que paz é esta carente de amor
*
a paz que eu quero
é a da alegria
dos vales férteis de ecos vadios
a paz que eu quero
é a do amor
da justiça e dos valores humanos
a paz que eu quero
é a do humanismo
sem inveja sem luxúria sem cobiça
a paz que eu quero
*
que paz me trazeis
se não me dais senão desassossego
e medo de me perder
que paz cheia de terrores me ofereceis
se já não chega o pão
e o salário mingua a cada saque
que paz me paga
a insolvência de não ter com que pagar
à mercê do garrote
que paz senão a que sobre vêm à morte
*
a paz que eu quero
é a de trabalhar e receber a paga
o justo e meu salário
a paz que eu quero
é a da não violência
recuso a paz insólita do cemitério
a paz que eu quero
é a de viver em paz com a natureza
e respeitar os bichos
a paz que eu realmente quero
*
que paz é esta senhoril
que paz alevantais com a força bruta
que paz no roubo das pensões
que paz sobre os velhotes a tropeções
que paz é esta de  funil
que paz nos rouba água e alimento
que paz nos programais
que paz de desamor ódio e desemprego
que paz é esta vingadora
que paz nos divide e farta a mesa da ganância
*
olho duas mulheres pela paz
escrevem no chão com círios a palavra União
face a face com o parlamento
de onde parte a ordem para toda a violência
faz frio sentadas na laje da desdita
devem pensar que são crianças a brincar
os cidadãos que passam
sem se darem conta da tragédia que é viver
acorrentado ao livre arbítrio
no dia seguinte a chuva invade a paz sem solução
*
porque era mentira
*
não havia guerra nem povo revoltado
mas elas não sabiam
acreditavam ser porta voz da alma ou a bandeira
dos que tinha fome de justiça
mas elas não sabiam
acreditavam ser capazes de vencer
a inércia dum povo dividido
mas elas não sabiam
acreditavam na sublimação da arte em movimento
a unir um povo acéfalo
*
porque era mentira
*
que houvesse fome mais do que já havia
que o desemprego fosse flagelo
que houvesse tristeza nas mesas da alegria
que a alma deixasse o corpo ao abandono
que a economia rastejasse
que os mais ricos repartissem entre si a mais valia
que a revolução está em marcha
que havia corrupção fugas ao fisco e à balança
que se morria nas ruas
que havia em paralelo outra economia
*
duas mulheres enfrentam os carrascos
fica a pergunta
*
que é do povo pequeno
que é do povo do meio e do intermédio
que é da sabedoria e do alento
que é dos jovens sem futuro mandados emigrar
que é das mães em desespero
que é das mulheres que a longa história violentou
que é da fraternidade 
que é da alma solidária que resiste
que é da vergonha idólatra
que nos deixa em casa enquanto a paz insiste
autor: jrg

21/11/2012

QUEREM-ME MATAR ! - "Artigo 21.º Direito de resistência"


imagem pública tirada da net
**
Artigo 21.º
Direito de resistência
Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.

QUEREM-ME MATAR
novenas para libertação das almas
**

é falsa a paz
que apregoam os arautos
da convivência pacífica entre lobos e cordeiros
quando há bandidos à solta
quando a organização do estado nos esmaga
com uma violência sem limites
faseada como é próprio dos métodos de tortura
espalhando a divisão e o ódio
poupando os "puros" de raça financeira
*
lembro os Israelitas como ratos
escondidos nos guetos de Varsóvia
a darem a outra face
quando apanhados a sair das tocas
cantando falsa esperança
confiantes no deus da história que os abandonara
quando conduzidos 
amontoados nos comboios do estado eleito
para os campos de extermínio
*
é falsa a paz
nem este caminho nos leva na rota do paraíso
quando há uma ligação ignóbil
entre as correntes contrárias da história
para espezinhar no desespero
os que ainda acreditam na mudança do destino
ladrões e outros bandoleiros
não conhecem direitos no rigor da guerra
atiremos-lhes o artigo 21
*
lembro o esclavagismo
a divisão das tribos para melhor as escravizar
penso nas crianças sem pão
e nas mulheres violentadas na sua dignidade
lançando sorrisos por piedade
amontoados nos navios dos reinos...negreiros
expurgados da alma e da vontade
vendidos nas feiras pagos a caldo e a chibata
amortalhados da sua condição
*
é falsa a paz
quando os tiranos cavam sepulturas
esgrimem ódio na pilhagem
não podem por ventura recolher frutos de amor
mas perante a força bruta
é preciso resistir ao frio como a raposa astuta
ocupando o terreno da manobra
com milhares de corpos investidos no propósito
de destronar esta ditadura
*
lembro os Incas
a civilização da luz e paz sem as defesas
confiantes na bondade
dos que se maravilhavam em santas palavras
escondidas na ambição e na cobiça
foram todos dizimados pela barbárie da justiça
que então era o direito
aplaudidos os criminosos pelos agiotas
a bem da "civilização"
*
é falsa a paz
se não houver amor bastante para conter
o ódio dos tiranos à dignidade
nem se atiram pedras contra as balas da tirania
primeiro não nos deixemos dividir
só todos juntos somos capazes de vencer
e nem se iludam mais
só trezentos mil serão salvos até ver
mas ainda somos dez milhões
*
estão convocados
saiam às ruas aperrados de coragem e sem medos
um dia destes breve sem demoras
tragam poemas palavras e canções de liberdade
soltem a força da alma encurralada
se acharem que "vale sempre a pena...quando a alma não é pequena"
ser mulher ser homem por igual
sejamos da espécie humana o último reduto
em Portugal não há lugar para tiranos
*
é falsa a paz
quando o fogo lançado pela tirania alastra
e consome as nossas vidas
quando os arautos dos tiranos espicaçam
a nossa ordeira cobardia
por entre mães que partem e filhos que ficam
é falsa esta paz que nos inspiram
mais vale ser pastor da Lusitânia que vitima desta tirania
atiremos-lhes com o artigo 21

autor: jrg

14/11/2012

"ACORDAI" POVO DA LUSITÂNIA !!!


http://videos.sapo.pt/PqDkLAmPqOzNHVR2dEoe





*
"ACORDAI" POVO DA LUSITÂNIA !!!
*
ouço os apitos lancinantes
das ambulâncias
vejo as chamas de meu país a arder
enquanto as feras rapinantes
se escondem nos buracos das instâncias
de onde saem ordens para morrer
*
não adianta senhor ministro
dizer que são arrivistas
meia dúzia contra um batalhão
tão criminoso é quem condena o cristo
como o carrasco que encurta as vistas
o mais é só cavar a divisão
*
ouço as ambulâncias a apitar
a violência é do governo de ladrões
a mando da alta finança
recebem ordens para atirar a matar
sobre a revolta dos escravos das nações
não podemos permitir esta matança
*
aumentam produtos e serviços
cortam salários rasgam reformas e pensões
são assassinos marginais
arrasaram a economia mantém vicios
enchem os bolsos dos ladrões
ó povo da Lusitania quando acordais?
*
ouço as ambulâncias na agonia
velhos crianças enfermos
mulheres libertas das milenares grilhetas
não sou poeta mas convoco a poesia
a haver paz tem que ser com os nossos termos
o tempo escoa nas ampulhetas
*
já não saem à rua senão bem guardados
são a maior vergonha dum povo
impostores infames borrados de medo
atiçam as feras seus paus mandados
querem ganhar custe o que custar o viciado jogo
mas o tempo mudou já não é segredo
*
ouço ambulâncias trinonis pungentes
levam o desespero da nação
os povos têm o direito à resistência
nesta chacina somos inocentes
unidos contra corruptos somos a revolução
que começa na nossa consciência...
autor: jrg

02/11/2012

ARTIGO 21-OU O DIREITO DE RESISTÊNCIA





foto pública tirada da net
***
ARTIGO 21-OU O DIREITO DE RESISTÊNCIA
I
sete biliões de pessoas
de súbito penso
e se for verdade que somos demais
que à revelia da ideia
esgotamos recursos em megalomanias de poder
solitários indiferentes à agonia
indiferentes aos apelos de crianças com mazelas
à aridez da terra à saturação
do ar e à poluição dos rios e dos mares
rendidos ao brilho da oirama
transferidos os medos para o poder de sermos capazes
de matar outros animais
libertos de deus e do diabo mas frágeis
perante a dor de morrer
no meu país dizem que vivemos acima do que podíamos
mas como é tal possível
se não crescemos em gente desde há décadas
quem cresceu foi a usura
os outros dizem que somos madraços
não fornicamos o suficiente
que somos um povo rebelde mas subserviente
II
no meu país havia uma ditadura
que nos exercitava a elevar o pensamento
ante uma guerra absurda
e a liberdade aprisionada em seu degredo
mas havia canções para resistir
e palavras que varavam todas as fronteiras
na rua ganhamos novo alento
organizamos a vida como a ideia dizia
ocupamos terras fábricas casas
algumas sem préstimo outras de grande valia
congelámos preços subimos salários
instalámos comissões de trabalho e de bairro
fomos adentro ensinando
os que sem alfabeto nem horizonte não entendiam
o nosso excesso foi confiar demais
na força doutros que também mentiam
deixamos sem rega que murchassem
as flores antes viçosas que sustentavam a raiz
porque dava trabalho se dava
pensar e refazer de base as nossas vidas
amolecemos a razão
III
sete biliões de pessoas
e um por cento de mentes criminosas
que se amparam comummente
à espera de se tornarem eminências imortais
perpetram a razia dos excessos
se escasseiam os recursos matem-se os velhos
confisque-se a água a energia
racionalize-se o ar a liberdade restaure-se o medo
instale-se o império do mal menor
em cada cabeça que resiste alimenta-se o caos
que desça a noite
que os dias sombrios amoleçam a coragem
rasguem-se os contratos
que consubstanciavam a cidadania
quebrem-se os tratados
e os convénios que à partida já estavam gastos
quem lidera agora são os eruditos
não os humanistas arautos de pensamentos altruístas
a hora é dos eruditos da razão pura
economicistas racionalistas analistas eméritos
que acusam os povos de gordura
*
IV
no meu país amonta-se o lixo
dentro dos homens de barrigas bem cheias
aumentam taxas e impostos
descem salários pensões e outros cuidados
mas o povo amanhece calado
que às vezes penso se há outros países dentro do meu
ilhas ou feudos auto-governados
que escapam à sanha dos governos d'assassinos
vivendo a coberto dos esforçados
de caminhar lento olhos tristes pregados no chão
sem alma possessos ou zombies
à espera à espera que sopre um vento ou caia geada
à espera tum tiro de partida
à espera que não seja preciso fazer nada
que os bandidos saltem o postigo
ou um surto de cólera uma investida sem rosto
os afugente para sítio distante
ou que cansados de roubar ou fartos enfim se demitam
mas tirá-los a ferros que dor
pode ser que os militares os valentes os heróis
e vão ficando pelos cantos
V
sete biliões de pessoas
uns esqueléticos afónicos outros obesos risonhos
acusando-se os do meio em desespero
mutuamente porque acicatados pela tragédia
traídos por prolongada indiferença
há quanto tempo não regas as flores que agora secam
franjas de insurrectos gritam
atiram petardos inofensivos que assustam crianças
será mesmo de verdade aquilo
de quererem reduzir pessoas para metade
um holocausto encomendado
para parecer coisa da natureza ou da alma imaterial
os velhos os inaptos os doentes crónicos
a esperança dos do meio sempre a saltitarem
a selecção dos que ficam dá jeito
e vão passando a ideia a confiança a cobiça cénica
aos que por inerência podem ficar
vejam bem dizem quanto podemos poupar
artistas ficam os truões amestrados
alguém que escreva comédias das mais hilariantes
nada de poetas nem romancistas
VI
no meu país havia até pensadores
e ideais de viver em paz com amor a tanta gente
gente solidária sem medo de perder
se a vida é um jogo perde-se e ganha-se sem deixar de vencer
é certo que havia quem se zangasse com a mulher
frustrado por não ousar trilhar seu próprio caminho
culpa do vinho dos instintos recalcados
ou do conceito de macho forjado na barbárie a violência
foi sempre assim e assim será dizem
como se os poderes não fossem sustentados pela cobardia
não há inocentes nem culpados
um homem frente a outro trocam olhares medem alturas
não quantificam a força de cada alma
ao invés da mulher que tantos barbaramente sacrificam
que tem na percepção um sexto sentido
será verdade que querem exterminar visceralmente
equilibrar a força ora emergente
que só assim haverá fartura para toda a gente imaginem
metade de tudo no consumo e usufruto
das coisas que ainda há e do que deixaram ficar
saúde habitação emprego educação
VII
sete biliões de pessoas
esquecidas de pensar dão asas ao pensamento
se o que cada usurário ganha
mais as marionetas do poder dá comida a muita gente
e logo renasce a boa esperança
invertem simplesmente a oratória fantasista
somos nós que os sustentamos
não são eles e seus sábios amestrados que nos sustentam
se formos cooperativos e amar-mos
a nossa condição humana se respeitarmos a natureza
se produzirmos tão só o que faz falta
se organizarmos a vida sem sofismas egoístas
se alterarmos o conceito de riqueza
se formos capazes de manter nossas mãos unidas por mais tempo
se respeitarmos as outras espécies animais
se não permitirmos que haja fome e maus tratos
se não tivermos medos
se mantivermos as diferenças sem quebrar os elos
que nos unem à vida e ao planeta
então seremos capazes de evitar o genocídio
que nos traz esta emergência...

autor: jrg