07/02/2012

PÁTRIA...? OU... MÁTRIA...? EIS A QUESTÃO QUE SE LEVANTA...


imagem pública tirada da net
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PÁTRIA...? OU...MÁTRIA...? EIS A QUESTÃO QUE SE LEVANTA


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lemos relemos poemas
romances contos crónicas ensaios
extractos de burilada história
armazenamos as palavras e sistemas
que trituramos nos neurónios
a fazermos emergir rasgos da memória
que nos soltem das algemas
*
aprendemos a soletrar
caracteres alinhados como convém
sem questionar o significado
a significação ou o significante modular
que atribuímos à palavra mãe
e torna-mo-nos num rebanho tresmalhado
sem arte nem engenho para amar
*
usamos a dialéctica
o sofisma a retórica a metáfora a metafísica
e outros atributos ultra-racionais
adulteramos o sentido racional da ética
criamos deuses de dimensão atípica
esquecemos as origens os valores universais
manipulados pela gerência mediática
*
acreditamos na demagogia
tudo tão belo assim pintado de fresco
à medida dos nossos interesses
não importa saber quanto é de fantasia
ou aparato de teor picaresco
o que temos é medo que nos cortem benesses
para aumentar a sua mais valia
*
fazemos revoluções de bancada
acirramos nos outros a tragédia da indignação
convocamos a protesto os perturbados
porque há sempre alguém que dá e leva porrada
que sejam outros nós somos pacificação
não entendemos se ao convocar somos convocados
ou se somos matéria humana reservada
*
em todos os tempos as gerações
se misturaram prós e contra a mudança
verteram sangue inflamaram
a ideia o pensamento a troca d'emoções
na senda evolutiva da esperança
que derrota a ingenuidade dos que acreditaram
ser possível vencer sem corte nas tradições
*
como pode alguém
sentir-se confiante e justiçado
a salvo de quem rouba a montante
não levantar a voz a quem saqueia pai e mãe
temente que seja ele o mais roubado
como se não fosse esse o princípio dominante
da arte de rapina imposta pela lei
*
levantai-vos cidadãos do mundo
é tanta a incerteza de sobreviver ao naufrágio
melhor que esperar em agonia
é ocupar o espaço em movimento profundo
desmascarar a sordidez deste presságio
que afronta a dignidade e a esvazia
que manieta a alma e leva o barco ao fundo
*
porque há alternativas ao bloqueio
da alma e dos acessos ao puro pensamento
sistemas mais simples de proximidade
sem o embuste faustoso que criou fútil anseio
com a sabedoria do conhecimento
por um novo humanismo numa nova cidade
saudemos a era nova sem rodeio
*

autor: jrg
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção...)

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