04/02/2012

MÃE, MÁTRIA, MULHER...


imagem pública tirada da net
***
MÃE, MÁTRIA, MULHER...
*
se eu fosse tão corajoso
como o vagabundo
meus pés pela cidade vagueassem
sem rasto nem olhar medroso
alvo da cobiça que me trouxe ao mundo
e antes que o frio meus pés gretassem
achasse o homem que perdi saudoso
*
se eu fosse verdadeiro de verdade
como o traficante
pensasse apenas no meu umbigo
sem emoção ou dignidade
caminhasse furtivo de alma aviltante
sem efeito d'amor nem causa d'amigo
indiferente à dor da realidade
*
penso na fórmula assaz patética
para derrubar um sistema criminoso
armado até aos dentes
não tendo eu mais que a sinalética
da ideia e do amor garboso
ágeis de emoção mas incipientes
ante a propulsão cosmética
*
se eu fosse deus ou deusa da magia
em meus versos poderosos
e proclamasse com dons de oratória
o fim da vergonhosa agonia
em que os ricos detentores servis danosos
mergulham esta gente à vexatória
de perder por exclusão sua cidadania
*
ah se eu fosse uma mulher
força maior de alma e pensamento
geradora de toda a criatura
e confiasse na dimensão do meu ser
armada de mãe por juramento
criaria em união a feminina partitura
capaz de arrasar este anoitecer
***
autor: jrg 
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção...)

2 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Excelente poema, João! Excelente!

tem a palavra o povo disse...

olá Maria João...que bom ver-te sorrir e ler-te...beijo