29/01/2012

PORTUGAL A NU...






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***
PORTUGAL A NU
*
eis o retrato a sépia deste país
despido de sua dignidade
sem engenho e arte acobardado
rendido a valor algo infeliz
sem achar em si excelsa validade
vitima da cobiça do passado
*
rostos de gente pobre entristecida
a acarretar fardo pesado
nem sorrisos nem ligeira correria
a alma vagueia espavorida
na rua de trânsito lento moderado
ninguém chora morreu a alegria
*
contaram-nos histórias duma vida
invencíveis bárbaros senhores
contra castela invasores sarracenos
a terra é pobre de pedra vestida
melhor era se fossemos navegadores
ditosos de espada e cruz serenos
*
a achar riqueza alheia enobrecemos
e de novo caímos na desdita
salvos por camões n'outro naufrágio
logo à inquisição agradecemos
a ventura de julgar quem não acredita
senão for de verdade é de contágio
*
longo foi o tempo da pasmaceira
enlevando o pensamento
que a noite é bela mau grado a insolvência
do império em agonia derradeira
afastados da abastança que grassava no momento
orgulhosos da nossa consciência
*
e de novo de fora chegam promiscuas alvíssaras
cabe-vos ser dos serviços serviçais
nada de mar em barcas tão pouco sólidas
nem rural ou indústrias raras
façam vias corruptas para transportes ilegais
vivam felizes sem ideias mórbidas
*
embarcamos na luzidia indústria financeira
a soletrar progresso com embuste
entregamos o mar a floresta e o ambiente
até a alma foi na leva prisioneira
entregue a preço certo por vil e divino ajuste
fica refém de quem a teme mas não sente
*
o tempo é de pensar a novidade
varrer o lixo putrefacto
que infesta de cinismo parte da nação
tomar de assalto a estulta vaidade
rendida à sedução de estranho espalhafato
que indigna na alma o cidadão
*
o tempo é de não temer a ironia
ilusão do poder falacioso
que ninguém se acanhe ante a oratória
somos um povo inverso à heresia
que quando morde é como um cão tinhoso
que se ergue das mazelas e faz história
*
o tempo é de rigor e resistência
se um povo o quer e sente
há um caminho novo em construção
que fundamenta a consciência
e se constrói da revolta permanente
que a insidia provoca ao coração
*
o tempo é de não deixar ela partir
a corda que une a dignidade
cada um em seu saber mas todos a aprender
que o mundo novo a parir
nasce mais belo e justo de verdade
se sair dum ventre de mulher
*

autor: jrg 
(pária..apátrida..cidadão da MÁTRIA em construção..)

2 comentários:

Anónimo disse...

cada tempo um tempo
plantar
colher
o que plantaram
com todo povo é assim
o ventre duma mulher pode quase tudo
mas não pode retroceder e choram as mulheres de Portugal, da Grécia, da Àfrica, do Brasil, do mundo todo, pois que seus filhos carregam um maldito pergaminho que tem que ser lido sob lágrimas antes de ser queimado sob o tempo que fez com que tal pergaminho voasse através do tempo para ser vívido nos descendentes da história antes de ser enterrado pelo talento humano - de Portugal, da Grécia, do Brasil, da África, do mundo todo.

Barbara Lima

tem a palavra o povo disse...

Bárbara...teu comentário me arrepia...é como um prenúncio que algo de grandioso e belo ressalta desta agonia onde a alma humana parece mergulhada...quero ler esse pergaminho quanto antes...e dar a ler aos filhos das mulheres do mundo inteiro...
um abraço carinhoso querida amiga...mulher