15/09/2011

MÃE ABSOLUTA



MÃE ABSOLUTA
***
pela noite de breu
uma mãe armada de coragem
caminha no desassosego
à procura do filho que a droga venceu
tão menino ainda de passagem
mal a vida lhe mostrara seu apego
«/»
pela noite calada
vergada pela angústia vencia o medo
no silêncio da mata
onde uma geração jazia drogada
a mãe solitária envolta em segredo
na madrugada de seu filho à cata
«/»
pela noite sem estrelas
só a alma no instinto de mãe a guiava
por entre arbustos e silvados
o ouvido atento não fossem balelas
os sons que o coração palpitava
vindos tão de dentro roucos abafados
«/»
pela noite de esperança
uma mulher que de amor se iluminava
na escuridão que adensa o mistério
como pode alguém enriquecer da vida duma criança
sem ter a resposta perguntava
ansiosa de entender qual o critério
«/»
pela noite de vozes o murmúrio
o cheiro húmido da terra em putrefacção
um grito saído expontâneo
filhooo! era dele o arfar o augúrio
o encontro dos genes em contra-mão
no calor do frio subcutâneo
«/»
pela noite de coração sangrando
a mulher de corpo franzino e de alma gigante
abraçou a cria desconexada no vício
dos afectos agora dispersos se confrontando
és de mim e eu tua única amante
dizia na dor de o ver tão magro em silêncio
«/»
pela noite já a estrela d'alva se fazia
os pés tocando o chão orvalhado com firmeza
doravante tantas vezes repetida
pelos antros onde a droga adregava a fantasia
mãe eximia rumo ao norte sua fortaleza
mãe sem fim nem tempo até levar a morte de vencida
***
autor: jrg

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