25/06/2011

A ALMA LIBERTINA !...

A ALMA LIBERTINA!...
«««//»»»
vivo a reflectir-me em cada sonho de criança...
às vezes ainda menino...
às vezes tantas na esperança...
de ser o homem que afino...
*
vivo a entender-me em cada passo de avanço...
às vezes ainda hesitante...
às vezes tão tantas de manso...
a ser na alma humanizante...
*
vivo a procurar-me em cada tempo do avesso...
às vezes vibro pelo cheiro...
à vezes tantas desanimo confesso...
de não ser homem por inteiro...
*
vivo a desnudar-me em cada de mim à espera...
às vezes atiro pedras ao lago...
às vezes tão de tantas me descubro...
a ser na alma onde me apago...
*
vivo a perder-me em cada pensamento quieto...
às vezes descuro a inquietação...
às vezes tantas num abismo secreto...
a ser mágico mar aberto à ilusão...
*
vivo a complicar-me desbravando na solidão...
às vezes trilho caminhos ermos...
às vezes tantas numa ampla vastidão...
a ser desassossego barco sem remos...
*
vivo a enlear-me em teias de enredos à deriva...
às vezes sem medo rasgo abismos...
às vezes tão tantas enfrento a maré viva...
a ser o baluarte doutros humanismos...
*
jrg

19/06/2011

O PAÍS ONDE EU NASCI !...

O PAÍS ONDE EU NASCI

«««//»»»

*
o país onde eu nasci e habito
tem um clima saudável
ainda que um povo bem triste
sempre queixoso do árbitro
gente humilde tão prestável
que à pobreza resiste
fazendo do pobre erudito
*
o país onde eu nasci e sou vivente
tem o mar por horizonte
serras e vales deslumbrantes
um povo inteligente
mesquinho se lhe vão à fonte
iroso com os farsantes
amigo de quem na alma o sente
*
o país onde eu nasci em crescendo
tem elites medíocres
educadores sem brio nem ambição
sabem de tudo não conhecendo
são da eficácia predadores
promulgam o caos como evasão
são seres absolutos não sendo
*
o país onde eu nasci e sou pensante
tem uma história um destino
se humildemente reconhecer seus valores
se almejar de si próprio ser amante
desbravar na consciência o feminino
que é o criador dos seus amores
talvez se continue e vá avante
*
o país onde eu nasci e me feneço
tem a liberdade limitada ao capital
gente que vive entre o desespero e a esperança
se penso assim é porque não esmoreço
ainda que o abismo pareça ser fatal
renasço em cada sorriso duma criança
faço por ser aquele que não pareço
*
o país onde eu nasci e sou amante
é velho anquilosado e sem vergonha
paga a quem copia a vida quase de graça
promulga a criação como aviltante
quando alguém propõe erradicar toda peçonha
agarra que é ladrão se a nossa sorte traça
no baixio da maré sendo vazante
*
o país onde nasci e vou em breve morrer
de mal dizer é protestante e laico
embrulhado numa história de invertidos valores
amotinado quando se trata de fazer
ergue-se das ruínas do mesmo modo prosaico
com que se humilha perante seus tutores
só me resta já olhar d'além o que vai acontecer
*

autor jrg

16/06/2011

ESCRITOS À MARGEM DA GUERRA!...ARMADILHAS !!!

«««///»»»
*
porque me escolhias
sempre eu e não um outro
eu que te dissera
sou pacifista
que me esforçava por sobreviver
à violência
nas entranhas da guerra
posto do lado de fora
pela consciência?...
*
no silêncio
apenas os mosquitos
a respiração suspensa
os fios de ligação
à espoleta de falsa segurança
as árvores milenares
e olhos de animais absurdos
espiando os movimentos
dos dedos em volta da granada
*
hoje penso
na similitude fantástica
dos que tecem a armadilha da noticia
o mesmo carácter desviante
o inimigo é o homem
os fios invisíveis que se ligam
que ferem e matam
quando despoletam a figura da bomba
feita de palavras
*
uma granada suspensa
dum lado e do outro do caminho
dissimuladas entre a folhagem
e um fio de morte por entre o restolho
de pétalas vencidas
o gesto preciso o coração em pausa
pé atrás retirar não tocar nada
ele agarra o fio... vai... diz
e segue-me de olhos fixos
*
ali fica a linha fatídica
à espera que nela tropecem
um homem uma mulher uma criança
saídos da sombra da floresta
confiantes da terra a sua que pisam
uma gazela um macaco
ouvia-se o estrondo no recato do quartel
iam ver
se era gazela traziam para comer
*
hoje penso
as palavras orquestradas
urdidas no enlace dos enredos
de caso forjados
no seio de interesses contraditórios
que visam eliminar os mais audazes
que lhes cruzam os caminhos
onde se aninham
medíocres sem chama nem brilho
*
porquê então eu
companheiro de tanta desventura
a pesar-me a consciência
a marcar-me como um ferrete indelével
a morte de alguém por indigência
minha tua
e tu dizias como se nada fosse
porque és calmo... só confio em ti
na ignóbil dimensão humana em que nos acho
*
autor: jrg

13/06/2011

LONGEVIDADE !...

«««//»»»

há quanto tempo, meu amor?
murcharam flores antes viçosas
secaram plantas ervas daninhas
as águas dos rios pararam
as aves que pousavam na janela
fizeram ninhos nas ramadas
em frente onde te sonho acordada
*
o tempo passa ao de leve
pelo corpo há tanto adormecido
amar-te é tão ou quase a dimensão
do infinito em que adeja o pensamento
a alma o amor a angústia
onde nos somos prisioneiros
fiéis ao preconceito do ser nosso
*
se fossemos nada de ninguém
e nos caminhássemos suspensos
permissivos às mudanças que na mente
ateiam chamas derretem medos
espantam o alarido do silêncio
e nos percorrem todos os sentidos
em busca dos segredos que não há
*
aquela andorinha tão negra
demora o ninho que traz no ventre
verte sinais ou marcas dum outro vento
emite sons subtis no voo rasante
vagabunda do ar entre estações
sempre que pousa és tu olhar
mulher suprema de mim amante
*
visito os locais por onde passas os dedos
taças de cristal sorrisos oblíquos
de onde te roubo em beijos as cerejas
que teimas em prender entre os lábios doces
preso eu de em ti desde a magia de sentir
amor onde tu de em mim florescemos
erva daninha eu talvez na tua sombra
*
há quanto tempo meu amor?
quantas voltas a Terra deu sobre si própria
e em torno do Sol quantas tantas?
os nossos corpos rolaram pelos abismos
d'além e d'aquém onde a meio da noite amanhecemos
na mesma posição pernas abraços sexos
e os cheiros ah... os cheiros...
*
a esperma fluidos suores flatulências
numa mistura fantástica que nos deprime
porque nos faltam as forças mas resistimos
entre flores e ventos de marés
porque exigimos da memória a retoma da vivência
desde o tempo em que paramos de morrer
viajantes sem rumo...à vista

autor:jrg

12/06/2011

RECADINHOS DA ALMA...

«««//»»»
*
brama o poeta louco
pelas ruas da cidade
de tanto gritar já é rouco
clama amor e amizade
*
somos um povo tão dócil
solidário de ambição
sair da crise é mais fácil
se formos de exportação
*
exportemos sol e mar
herdeiros da nossa fortuna
mais os salvadores sem par
os corruptos e a usura
*
deixem-nos sós a cismar
num cismamento profundo
havemos de um dia chegar
onde chega todo o mundo
*
meu povo sangue mistura
reserva da humanidade
perserva a alma madura
ante a vil sagacidade
*
vieram prender o poeta
por clamar à sublevação
dum povo triste e sem cheta
que resiste em contra mão
*
às sete mulheres do norte
às sete do centro e Lisboa
encomendo a minha sorte
a sul o mundo ressoa

autor:jrg

10/06/2011

A JORNALISTA !...

«««//»»»

a voz o timbre a precisão
para captar o facto em movimento
o faro o sangue frio a emoção
os olhos vivos o sorriso em cata vento
*
a linguagem criptográfica
o conhecimento dos meandros da noticia
a sedução quase pornográfica
de como esventra a alma com astúcia
*
de tudo aprendeu coisa pouca
a amplitude do efeito mais visível
não importa pensar muito feita louca
tanto faz que no final fique risível
*
a atenção no objectivo
a filtragem do grau de importância
um pouco de intriga se motivo
que interessa ao grupo que a financia
*
nas entrelinhas é fêmea amante
mulher e mãe presente
amiga até de forma a ser garante
da informação mais inocente
*
acusa e incomoda a ver se verte
mulher de múltiplas facetas
sem protecção fiel que a acoberte
se a tinta salta das canetas
*
eis à sua dimensão a jornalista
reduzida a um ponto de interrogação
se ao contar a história é altruísta
se se desvia do sentido alto da missão
*
tenta fazer passar independência
às vezes frívola maléfica
porque a atraem promessas de indecência
que trazem fama à alma céptica
*
às vezes utiliza o raciocínio
no privilégio de informação importante
não esconde pelo poder o seu fascínio
sendo da esperança confiante
***
autor: jrg

HOJE É DIA DE PORTUGAL!...

«««//»»»
*
já foi dia da raça
movimentou paradas militares
discursos de exaltação
a iluminar desígnios como quem traça
caminhos preliminares
que elevam o povo humilde da nação
orgulhoso em forma de desgraça
*
hoje é dia de Portugal
não já só império mas um mundo
de comunidades disseminadas
por onde a palavra insidiosa frugal
aviva o desejo mais profundo
de elites convulsivas amedrontadas
que lhes sequem onde medra o pantanal
*
a minha condecoração
neste dia de pretenso orgulho nacional
vai para aquela mãe envelhecida
que se entrega inteira d'alma e coração
se endivida olhos no chão na luta desigual
para salvar o filho em cada recaída
antes que droga ou morte apague sua paixão
*
a minha condecoração
vai para aquela mulher vitima dos conceitos
que geram contra ela infinita violência
ornada para enfeite do ódio em gestação
desde que nasce para ser de amores perfeitos
que aviltam a sua consciência
e a condenam à mais vil submissão
*
a minha condecoração
neste dia da oratória banal cheia de recados
vai para o vagabundo sem rumo
que nos olha sopesando a nossa dimensão
de nós altivos a coberto do medo desassossegados
envolvidos num ter efémero que cai a prumo
de que somos o modelo em extinção
*
a minha condecoração
vai para o amor sem limites dos amantes
que não sendo um país são a alma humana inteira
a que faz do silêncio a sua projecção
a que se indigna por ser o isco dos tratantes
porque amar é ser maior que a comenda
no brilho onde o espavento marca a distinção
*
hoje é dia de Portugal e da poesia
porque é de Camões a epopeia que cava o drama
onde navega e naufraga este país
não há arrais que saiba marear toda a maresia
todos de terra como então tecem a trama
não há na natureza quem abjure assim sua raiz
até que alguém nos cale por heresia..

autor: jrg

05/06/2011

AI...ROSA FLOR!...



AI..ROSA FLOR
***
meu voto para ti rosa flor de Maio
neste dia de brilho Primaveril
olho o mar profundo a praia onde me espraio
acaricio tuas pétalas de amor tão subtil
*
de manhã cedo fui a votos rosa flor
a ver se achava a Primavera antes da despedida
um mar de gente te devotava grande amor
apesar de alguns espinhos a sangrar na dor sentida
*
fiquei ali ao sol submerso em ar festivo
os olhos fixos no voto da rosa dos meus amores
inebriante alegria do sonho expressivo
sentir a rosa flor espalhar no vento seus odores
*
autor:jrg

04/06/2011

O VOTO...A REFLEXÃO...VOTAR!...

***//***

estou no final desta enorme confusão
dizem que o voto é uma arma de arremesso
mas sendo eu pacífico não voto contra ninguém
voto a favor do projecto que me toque o coração
na esperança dum humanismo que conheço
onde a paz e o amor não se diluem
*
desde há seis anos o ódio em crescendo
debitando insulto e calúnia sobre um homem só
na minha consciência tão violentada
cresce um sentimento novo na alma apetecendo
ao sentir que a brisa levanta todo pó
que assenta nos sofistas como luz na madrugada
*
penso na utilidade de votar em prol da esperança
sem certezas mas convicto da maturidade
dum jardim onde rosas vicejam nas pétalas aromadas
passo ao lado dos que clamam vingança
olho de frente os que se aliaram à ignara castidade
e vejo um homem que sorri às farpas afiadas
*
"
eu que fui contra :
»
_a extinção dos povos Incas
por pura ganância de ter riqueza
»
_a destruição dos segredos guardados na torre mítica de Babel
por pura ignorância da barbárie sedenta de poder
»
_a razia maciça da Amazónia e seus autóctones
por pura abstracção de inteligência
»
_a deflagração da bomba de Hiroshima
por puro desespero de quem se arroga o direito de vencer
»
_a mortandade das gentes Africanas
por pura estratégia das divisões neles induzidas
»
_o genocídio de Judeus Croatas ou Palestinianos
por pura arrogância e aventura das consciências
»
_a morte de Francisco Sá Carneiro
por pura denegação aos seus princípios e valores
»
_o abate de Sadam como acto final dum espectáculo deplorável
por pura vingança dos seus criadores de conveniência
»
_o terrorismo lançado contra Ossama, em directo
por puro silenciar da conspiração de outras mentes criminosas
»
_a condenação de Damião de Góis e os livros queimados na fogueira
por puro medo de concepções religiosas já então obsoletas
»
-a guerra colonial Portuguesa e a história idílica das descobertas
por pura sonegação dos direitos de humanidade
»
_a ditadura..todas as ditaduras...
por pura colectivização do pensamento
»
_a perseguição...o ódio intolerante a José Sócrates
por pura insolvência de ideias das mentes e interesses que ele afrontou
"
*
reflecti sobre a tragédia humana
que neste fim de mundo me e nos acontece
a ver gente erudita cheia de certezas
porque sou do amor a paz que dele emana
porque acredito que o sendo é a catarse
olhei as doces rosas e votei nelas tão surpresas
*

autor: jrg

02/06/2011

ELEIÇÕES de 05 de JUNHO 2011...EM PORTUGAL!..A FÁBULA!...

A FÁBULA DA VINGANÇA URDIDA...

**
Nesta fábula de contornos mediáticos, o Coelho veste a pele do Lobo e aceita fazer parceria, abrindo as Portas à entrada da Raposa, não sem antes, com a ajuda da Hiena Louca e do Jagudi Marxista (de marchar...)  terem banido do trono, usando a trama do ataque consertado, a golpes de dentuça afiada, o Leão já ferido de morte, por tantas investidas dos carnívoros, sedentos de lhe tirarem o poder, para reinarem sobre os outros animais...
Á volta da arena, clareira profusamente iluminada, por tudo o que eram estrelas cadentes, havia búfalos, esquilos, répteis, besouros, elefantes falhos de memória, zebras, girafas, camaleões, que emitiam sons entre cruzados, confusos, de agravo uns, de desagravo outros..."mata.. ...Fora...morra...as araras tinham tocado a rebate...
_O Leão chegou ao fim...é, foi, incapaz de proteger a vida na floresta...
e chegavam-lhe o dente ao pelo...e berravam desabridos...ninguém sabia o quê..o porquê..apenas que falhara...falhara!...e era preciso bani-lo com a vontade expressa de uma maioria absoluta...
O Leão, ciente que governara com sabedoria, traído pela calamidade Universal que desabara intempestiva na Selva há muito acomodada, traído pela intriga dos grupos que o pressionavam a abdicar, dava voltas sobre si próprio, enfrentando um a um os cabecilhas, urrando com denodo e coragem
Assediado por todos os lados do habitat, sentindo a dor  no alarido, de uivos , latidos, ferroadas...o ardor do sangue, dentro e fora que o empolgava, o Leão rugia, do alto do seu conhecimento...que só com ele a selva teria paz..harmonia...
As coisas estavam feias para o seu lado, mas sem quebra de ânimo, insistia na defesa dos valores ancestrais...já os outros cantavam vitória, ante os animais da selva amedrontados...a todo o momento saltariam sobre o leão e consumariam o veredicto urdido...
O lobo, de cuja pele esfarrapada sobressaíam as orelhas de Coelho, dá um passo à frente...a Raposa, entre patas entalada, olha, astuta... a Hiena Louca, ri...o Jagudi marxista, ergue a careca desbotada...o Leão está prestes a vender cara a despedida...brame...abana a juba ensanguentada...
Há uma pausa de silêncio...quando o momento decisivo se aproxima...e de entre a expectativa ouve-se um rumor de extrema agressividade...os ramos das árvores abanam numa chiadeira impressionante...o som estridente da macacada ecoa nos ouvidos dos presentes...águias portentosas picam nos farsantes...gorilas, chimpanzés e macacos comuns, há tanto tempo indecisos, tomaram partido pelo Leão injustiçado...exibem ramos e roncos agressivos que põem em debandada o bando de feras arruaceiras...
autor: jrg

V I R T U O S A !...

***
a poesia desce à rua
nos olhos do aprendiz
vem curiosa e vem nua
sem preconceitos feliz
*
encontra gente vencida
à beira da rendição
ante os abutres esquecida
que é águia de estimação
*
na sua milenar idade
já viveu tempos afins
flores viçosas na cidade
a secarem nos jardins
*
em cada esquina um arauto
faz da desgraça motivo
para acirrar o medo incauto
que se instala furtivo
*
doce e bela a poesia se apura
sem vestigio de incerteza
pensa fragrâncias veste ternura
invade almas cultiva beleza
*
vem no corpo duma mulher
em cada passo o sorriso
pétalas versos malmequer
viver o momento preciso
*
lá vem plena e livre a poesia
quem a vê confunde a rima
ninguém sabe se é fantasia
ou verdade que se aproxima
*
por aqui amores perversos
dizem musas e poetas
julgando ao vê-la surpresos
ser luz de almas inquietas
*
jrg