06/02/2011

TRILOGIA DA GLOBALIZAÇÃO!!!

I

quando a loiça era areada

com a terra do chão

eis que a estrada asfaltada

nos deixa sem solução

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é comprar máquina equipada

não custa um dinheirão

a prestações não dói quase nada

e poupas no coração

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quando o comer era comprado

na medida da refeição

eis que o tempo ficou parado

sem hora para confecção

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é comprar máquina de refrigerar

aumenta o espaço de lazer

não cansa uma vida por pagar

e amplia o total prazer

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quando a roupa era bem lavada

n'água da chuva do juncal

enxuga e ao sol ser branqueada

secaram o pantanal

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é comprar lava e seca numa só

pouco a pouco fica paga

não esfrega não apanha tanto pó

dura mais e não se estraga

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II

quando o banho era em água aquecida

à semana que o tempo permitia

incutiram a limpeza diária apetecida

a pele tomou odores de apatia

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é comprar apenas um clic no esquentador

num ano fica pago sem dar conta

se algo correr mal recorreremos ao fiador

mas Deus é grande compra e monta

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quando andar a pé era exercício saudável

o piquenique o arco a peladinha

criaram a ambição de ter um automóvel

encheram cidades desta mesinha

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é comprar está ao alcance da tua bolsa

não gasta aos cem a dinheirama

a vida são três dias que a morte acossa

mais vale abastança por derrama

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quando ter sexo era de natureza virginal

e o casamento eterna fidelidade

incentivaram mudança mundano bacanal

sem ética ou critério de lealdade

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é comprar amor à revelia mono parental

a fantasia a ilusão assim vendida

valem bem a submissão ao poder do capital

nesta ambição de viver desmedida

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III

quando a liberdade era condição humana

inventaram direitos de propriedade

para uns o todo material riqueza insana

para os demais o céu é a felicidade

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quando a ideia de deus no mundo morreu

abalados pela fúria da multidão

enclausurados na riqueza já apodrecida

inventam usura prendem Prometeu

cessa a abastança exigem a paga da ilusão

sob pena do caos na terra vencida

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quando no Planeta inteiro se ouve o clamor

contra insídia do poder descricionário

contra a nova escravatura eleger do amor

a real sabedoria ou era do visionário

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quando promíscuos os cinco continentes

geridos por secretas sociedades

destruem de consenso florestas e animais

mudam fronteiras elegem tenentes

impõem regras geram tétricas calamidades

lançam desespero sobre os demais

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é tempo do povo humano civil desobedecer

falar na hora a mesma linguagem

juntar o pensamento e de mãos dadas vencer

a letargia que ocultou sua coragem

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por toda a parte onde a palavra se respira

um ramo de flores ou de floresta

uma miragem oceânica uma partícula de ar

pela mão de uma criança que aspira

em ser nesse mundo novo alguém que presta

e não podemos injustamente melindrar



autor: jrg

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