21/10/2010

O QUE EU SOU...

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sou um corpo em vias de extinção
já fui mar e vento tempestade
criei mais valias onde eu era a ilusão
sou um corpo vencido fora de validade
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assim aberto ao que me resta
entre dislates de uns e a sensaboria
de gente estulta que não presta
a revelar meu mundo em verso poesia
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cresci num ambiente rude semi selvagem
tive sonhos e pesadelos de grandeza
de terra em terra nem sempre fui de coragem
para escolher os caminhos da vileza
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segui meus passos desde a adolescência
calcorreei a praia areias escaldantes
uma alcofa de sonhos gelados em permanência
a acalmar a sede fogosa dos amantes
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fiz blocos de raiz areia e água com cimento
bate-chapas mecânico e amanuense
amei meninas ricas e pobres sem cabimento
na guerra aprendi que ninguém vence
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fui pescador puxei as redes como um boi
remei nas ondas contra a maré
nos desafios da vida o que mais dói
foi não ter sempre seguido pelo meu pé
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dei aos outros maior lucro e primazia
o trabalho dignifica o povo humilde
quando por magia me cresce a demasia
ocorre um facto novo que regride
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hoje ainda aprendiz de sobreviver
cultivo amor de amigos na intemporalidade
se houver quem me queira descrever
não encontrará nada que seja de verdade
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só a alma sobrevive na palavra escrita
criador de ilusões alimento da esperança
nem deus nem pátria sou um eremita
um vagabundo sem leis menino criança
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autor:jrg

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