12/09/2010

APETECE



tela de Nuti
***
o que apetece
é gritar...
a nossa imperfeição
a soberba
a ganância sem freio
a estulticia
a mentira servil
o segredo
o silêncio forjado

o que apetece
é sorrir
quando nos atropelam
quando nos humilham
quando nos descartam
quando nos prendem
quando nos julgam
se nos omitem
se nos afrontam

o que apetece
é amar
as irregularidades do corpo
as plantas
as flores
as almas amigas
as montanhas
os rios os mares
os animais todos

o que apetece
é viver
simples como a formiga
simples como o vagabundo
simples como o sol
simples como o vento
simples como o fogo
ou a água que escorre
ou a terra que gira

o que apetece
é dizer
não à sórdida riqueza
não à luxúria
não à inveja à gula
não à cobiça
não à fome de saber
não aos preconceitos
não a todos os poderes

o que apetece
é cantar
sempre no silêncio
sempre no medo
sempre no nó da angústia
sempre no degredo
sempre no desespero
sempre que a alma fuja
sempre que o corpo enlouqueça

o que apetece
é olhar
com sentido de entender
com conhecimento
com humildade de aprender
com o gosto de interpretar
com o prazer do belo
sem filtros perversos
sem condenar

autor: JRG

2 comentários:

Unknown disse...

Boa noite João,
um Hino à sensatez e equilíbrio, lindo!

Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas

tem a palavra o povo disse...

Olá Ana Martins..um abraço amiga...gostei de ler o teu apreço...de ver e sentir o teu sorriso...alma linda de poeta...
beijinhos nas tuas asas
joão