07/07/2010

UM HOMEM NÃO CHORA...

XVI

um homem não chora...
diziam-me tantas vezes a minha angústia
porque senti neste momento
medos antigos de perder o imperdivel
tanto que amo as palavras
as que te digo levam-te de mim
amor e sais adocicados

sou libertino
respondo às emoções com novas emoções
"o libertino passeia por Braga..a idólatra..."
é um titulo de livro que li...apenas o titulo
e subo a ladeira onde a porta
entreaberta em cima a janela

bato para ouvir a tua voz
quero tanto ouvi-la... estremecer na emoção
as sardinheiras que a envolvem de cheiros
desde baixo trepando a janela
e ouço
entra se és quem espero...entra
suave e terna quente apaixonada

a prima-melodia onde te banhas me banho
à direita quando entro o leito
alvo de linho
 
o som da água sob a sinfonia de nós mar
no açude que estanca a corrente do ribeiro

quero-te tanto de onde?
pé ante pé sob a penumbra ao fundo a luz
partículas de pó que a rua traz nos raios do sol
como miríades de estrelas a coroarem o teu rosto
imponente e dócil o teu corpo
de pé as mãos estendidas para mim teu
tão forte o teu abraço

a mesa um fausto
sobre as frutas em cachos saídos de poemas
saboreamos as palavras
ganhamos a euforia de tantos silêncios
bebemos do néctar verde nacarado
celebra-mo-nos encadeados nos olhos
e à sobremesa trocamos cerejas dos lábios

quero ouvir-te quero tanto ouvir-te
que quase te ouço o meu nome
saindo dos lábios os teus na brisa que me corre
mordo os teus lábios a língua o queixo
colo beijos nos teus olhos
nos teus sorrisos de amor..amar
porque te amo tanto..nos amamos

respiro-te
tu meu ar
quero-te

e
 
beijo-te
e
beijo-te
e
 
beijo-te

sobre os lençóis de alvo linho

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