05/04/2010

APOTEOSE DO SER


imagem Wikipedia




APOTEOSE DO SER





hoje

não quero falar de sexo nem de orgias

que fazem o deleite de corpos sem beleza

nem do tráfico de mulheres crianças de sexo homonímias

para decalque do prazer em vil tristeza

nem de armas estratégicas de defesa que atacam minorias

para gáudio dos que têm o poder e a riqueza


hoje


não quero falar do amor que não perdoa

nem de amigos sempre ausentes quando preciso

nem de fome que escondida medre e doa

aos que por erro ou rebeldia perderam o juízo

nem de Paris Bona Londres Roma Lisboa

porque estou num tempo sem ganho ou prejuízo


hoje


não quero falar de ciência arte tecnologia

que colocam os povos num absurdo de redoma surpresa

nem das origens do homem e da sua bonomia

que o torna predador o mais temido em toda a natureza

nem do surtir da linguagem e da sua mais valia

que demarcou as nações em conceitos de subtil pureza


não


hoje quero cantar a alegria do homem e do poeta

saído do embuste da torpe subserviência

quero cantar que fiz dentro de mim de ti a descoberta

não há amor ou ódio no homem em sua essência

quero cantar nesta euforia de ser nada e ser alerta

que vivemos desterrados para expiar a consciência


não


hoje quero cantar que estamos no limite do castigo

há uma galáxia que rege a vida cósmica

tudo o que somos não é teu ou meu é muito mais antigo

apenas regurgita da memória atómica

quero cantar a alegria de amar e de sonhar contigo

entre flores e mar uma cantiga melódica





autor: JRG

4 comentários:

Graça Pereira disse...

Mas tu és um POETA! Maravilhoso!
Hoje, quero cantar a alegria de ter descoberto a verdadeira poesia!
Parabens!
beijo
Graça

tem a palavra o povo disse...

Olá Graça, tão quentinho o calor amigo das tuas palavras, flor mimosa deste jardim...
A verdadeira poesia é a Graça Pereira, envolta num poema de verdade com cheirinho de maresia,,,
Beijo
joão

Maria Ribeiro disse...

JRG: que lindo poema, em todos os aspectos, formal e temático!
muito subjectivo este verso:"...tudo o que somos não é teu ou meu é muito mais antigo..."
SOMOS, HOJE, UM PRODUTO CONSEQUENTE DO QUE FORAM OUTROS , HÁ MILHÕES DE ERAS...
BEijo de
LUSIBERO

tem a palavra o povo disse...

Querida Maria Elisa...hoje peço que me desculpes ter deixado as tuas palavras sem resposta tanto tempo...
sabia que elas me esperavam...foram de grande utilidade fraterna em momentos de alguma perturbação..são!
Deixam-me feliz as tuas palavras de apreço e porque confio sem reservas no teu valor nas letras e na cultura Lusa, sinto orgulho do teu gosto pelo que transmito.
Um abraço grande ..um beijo e sorrisos de amor de amigo...
joão