23/01/2010

A PROSTITUTA

ah sou a pública evasão para desejos inibidos

a que não teme a fúria dos deuses

a que mostra a calcinha na esquina de uma rua

a que satisfaz do preconceito os devarios hibridos

a que sofre sorrindo e chora pelos teus revezes

a que sem prazer se expõe ante o abominável lascivo nua





sou a prostituta a puta a rapariguinha da treta

cheiro a perfumes baratos odores de misturas insalubres

levo tareia dos tribunos a quem presto vassalagem

o meu ser é fruto apodrecido branca mista ou preta

dispenso a camisinha se a nota for graúda não ligo a cenas lúgubres

sou mulher taxada ao tempo e ao serviço não tenho alma sou selvagem





olhem-me de frente mulheres servis idolatradas

sou a fêmea que não sonha que não tem cio nem orgasmos

a que não cheira nem geme de prazeres é a despachar não digo nada

sou a outra face de cada uma de vós mulheres prendadas

não sou verso nem poema apenas um corpo sem espasmos

onde os machões de vós afogam a mágoa duma sexualidade frustrada





autor: JRG

1 comentário:

Maria Ribeiro disse...

NU e CRU, este retrato, em primeira pessoa... Pena é que não se leia este poema , tendo em mente "outras" prostituições...Tudo se compra e tudo se vende...A alma também -e principalmente!
BEIJO
LUSIBERO