ah sou a pública evasão para desejos inibidos
a que não teme a fúria dos deuses
a que mostra a calcinha na esquina de uma rua
a que satisfaz do preconceito os devarios hibridos
a que sofre sorrindo e chora pelos teus revezes
a que sem prazer se expõe ante o abominável lascivo nua
sou a prostituta a puta a rapariguinha da treta
cheiro a perfumes baratos odores de misturas insalubres
levo tareia dos tribunos a quem presto vassalagem
o meu ser é fruto apodrecido branca mista ou preta
dispenso a camisinha se a nota for graúda não ligo a cenas lúgubres
sou mulher taxada ao tempo e ao serviço não tenho alma sou selvagem
olhem-me de frente mulheres servis idolatradas
sou a fêmea que não sonha que não tem cio nem orgasmos
a que não cheira nem geme de prazeres é a despachar não digo nada
sou a outra face de cada uma de vós mulheres prendadas
não sou verso nem poema apenas um corpo sem espasmos
onde os machões de vós afogam a mágoa duma sexualidade frustrada
autor: JRG
1 comentário:
NU e CRU, este retrato, em primeira pessoa... Pena é que não se leia este poema , tendo em mente "outras" prostituições...Tudo se compra e tudo se vende...A alma também -e principalmente!
BEIJO
LUSIBERO
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