07/06/2009

AMORES VADIOS

sabia que era um absurdo eu querer acreditar
que era possível tão jovem amares um ser envelhecido
sabia que tudo o que dizias iria ter em breve que findar
mas deixei que o meu pensar fosse por ti conduzido

eram palavras exaltantes que me penetraram
como numa tortura foste induzindo subliminares ilusões
aromas fortes consentidos que me perfumaram
e fui sendo cativo de ti das tuas tentações

inventei desculpas sem qualquer sentido para continuar
conversas ardentes libidinosas pelas noites adentro
no quarto ao lado uma mulher inquietava-se por me amar
imagino o teu quarto e a angústia de um homem sedento

amantes à distância em maratonas de contentamento
soltos infantes de dia e de noite arrufos gargalhadas
palavras vadias há muito amarradas no pensamento
ânsias de aventura correntes desfeitas desenfreadas

segredos da alma intimidades as palavras obscena
sorgasmos sentidos na solidão dos corpos em polvorosa
amar-te-ei sempre como só eu sei amar-te e tu fizeste cenas
se me despedia e te deixava assim despida enganosa

dei por mim a viver intensamente duas vidas de amante
a sentir-me traído eu próprio nas minhas convicções
mas cativo de ti incapaz de um gesto menos galante
a arrastar-me apercebendo-me do desfecho das tuas intenções

era como um garrote em volta do pescoço que me sufocava
um sufoco de perder-te porque te julguei bela apaixonada
e perdi-te de uma forma acintosa sem brilho nada mais restava
porque não havia nada apenas um devaneio de mente insanada

inventaste perfídias que te desnudara em público a intimidade
seguiu-se o silêncio a alma possessa o debate do ser as consciências
espasmos contradições a revolta do sendo em sua saudade
vendo-te rir sem emoções como se apagasses reminiscências

há imenso tempo que me dóis desde quando éramos namorados
e me sorrias deleitada com o que te encantava a minha sensualidade
dóis-me de ti descontinuadamente atormentas os meus neurónios esgotados
fiquei sem tesão com medos e um medo tremendo da realidade

perdi eu sei sou um perdedor e fiquei mais uma vez engajado
a um projecto de amor absurdo e sem via que não tinha saída
soltam-se risos em volta dos meus desabafos de mim ocado
não sei ao que vou se regenerarei um dia a alma esvaída

j.r.g.

9 comentários:

Maria de Fátima disse...

Olá João este é um lindo poema.Há na vida das pessoas certos amores que são vadios, outros há que são para toda a vida.Beijinhos e bons feriados.

Parapeito disse...

A alma acaba sempre por florir de novo...
*
Mto obrigada pelo miminho que deixaste para mim e a minha filhota no meu (nosso) parapeito.
Gostei muito :)
Dias mansos...cheios de brisas frescas para ti e os teus ****

tem a palavra o povo disse...

Fatinha.
És um doce de amor de amiga que eu desejo ter em toda a vida.
Beijinhos

tem a palavra o povo disse...

Maria Lobos.
És uma amiga doce e ternurenta, mãe suprema, nem calculas quanto fico feliz por teres gostado e (muito), renovo os meus desejos de felicidade para todos os teus filhotes.
um beijinho de amizade, repousado em dias mansos com brisas frescas.

Maria Ribeiro disse...

O AMOR com letra grande tem sempre saída ,na própria ess^ncia do amor.A minha alma, nesse aspecto, esvaiu-se em 1984, depois de um divórcio que me livrou das correntes da violência.Ficaram os meus dois queridos filhos, pelos quais, não me envergonho de o dizer, passei fome... Que se ria quem quiser, mas sou feliz por tê-lo feito e por ser capaz de o dizer aqui, junto de pessoas que só conheço no mundo virtual...

Maria Ribeiro disse...

Tenho tentado abrir os comentários a "carne eo canhão". Ainda não consegui ,não sei porquê, ESpero comentar, ainda hoje

tem a palavra o povo disse...

Maria Ribeiro.
Sei do que falas e sou solidário.
No meu caso aguentámo-nos.
Costumo dizer que fui um canalha com sorte.
Fui e sou um pacifista, uma pessoa calma que viveu e vive um amor de grande profundidade, só posso entender,hoje, que os traumas de guerra são de igual profundidade e que espalharam tempestades onde o vento nem bulia.
Obrigado pelas tuas palavras sensíveis.
Beijinhos de amizade

Denise Flor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Denise Flor disse...

Olá caro amigo João.
Agradeço sua gentil presença no meu espaço.
Já vivenciei amores assim: vadios,
pretenciosos e totalmente desmerecidos dos meus zelos.
Quem sabe um dia eu possa acertar,
sempre há uma esperança.
Um abraço fraterno n'alma
e muitas inspirações...