30/04/2009

AS CRISES, O DESEMPREGO, O CAOS GLOBAL

As crises modernas que se vêm tornando cíclicas e cada vez mais afrontosas da condição humana, tocou o fundo do problema, a financeira.

Desta vez é a sério porque toca no dinheiro, não já na matéria prima que se encontra prestes a esgotar-se, tal a devassa que a procura do lucro crescente e sem fim levou a ganância do homem.

O sistema financeiro é um logro que assenta no crédito sugerido, alimentado pela dinâmica do conforto possível para todos, segundo os parâmetros das modas inventadas a cada trimestre. Acumula-se os excedentes sem préstimo, nem compradores, as empresas vivem da ficção das bolsas, reorganizam-se segundo critérios de optimização que obrigam ao despedimento colectivo de de cada vez maior número de trabalhadores. A máquina, a tecnologia, impõe-se como suficiente face à imobilidade do homem, ofuscado pelas facilidades com que acede ao crédito e pelo deslumbramento ante o desempenho prodigioso das novas máquinas inventadas para o substituir.

Florescem as sociedades financeiras de prestação de crédito que atraem a aderência de um crescente número de pessoas, endividadas, absolutamente falidas, que confiaram no ganhar tempo, na progressão de rendimentos e se vêem de súbito mergulhados numa das maiores crises, a financeira, sem solução credível à vista, que assola a humanidade.

Estas sociedades financeiras, imunes à crise, porque rapasses, agiotas protegidos pela lei, com juros absolutamente surreais, posso dizer que numa divida de 1474,02 euros e de uma prestação de 55 euros, apenas 14,o8 é abatido ao capital em dívida, daí resultando que num ano é abatida à divida a importância de 168.96 euros e que para completa liquidação serão precisos dez anos mais...Estão na crista da onda do sucesso empresarial.

Insolúveis, as empresas fecham portas e lançam pessoas no desemprego, outras aproveitam-se dos efeitos colaterais da crise e reduzem empregos. Dia após dia, engrossam por todo o mundo os sem emprego, as dividas por saldar, habitação, carro, créditos pessoais, cartões de crédito, empréstimos particulares.

Os governos estão manietados sem meios que os habilitem a resolver o problema. Limitam-se a apoiar a economia, os mesmos poderes financeiros que chantageiam com o agudizar da crise, que os desafiam a idealizar soluções de entre os sábios, acodem como podem ao desespero dos desempregados, emitem mensagens de optimismo.

Penso que podemos estar perante, ou no limiar, de acontecimentos imprevisíveis de caos, de saque dos com fome de direitos, sobre estas máfias legalmente organizadas, consideradas impunes, por mais atropelos que tenham cometido sobre a humanidade e o Planeta. O fim do dinheiro, como fonte de alimentação, agora que Deus e o Diabo são uma miragem recôndita na memória do homem, ou o advento da nova ordem que tenha o homem como fim e indissociável da preservação do Planeta,na sua globalidade.

A ver vamos...

18/04/2009

QUEM QUER CASAR COM A PRINCESINHA...

certa vez uma princesa
cansada de desamor
fez-se ao mundo publicitada
em imagem multicolor

quem quer casar com a princesinha
que é bonita e formosinha
e tem amor na gavetinha?

quero eu! Disse o macaco
saltando de galho em galho
solta a tua fala um naco
quero ver se em ti me valho

lançado o grito estridente
do símio escandalizado
a princesa inconsistente
ah não quero és muito alarvado

quem quer casar com a princesinha
que é bonita e formosinha
e tem memórias na gavetinha?

quero eu! Disse o mocho sabichão
Fala para que eu aquilate
Se és macho e tens tesão
Se não faço um disparate…

ao ouvir tal estrugido penetrante
a princesa ironiza cerra os lábios
sem o sorriso é uma careta irritante
que diz ah não quero ser dos sábios

quem quer casar com a princesinha
que é bonita e formosinha
e é fiel à gavetinha?

quero eu disse zurrando o burro
sou silêncio só falo durante o cio
prometo que não te empurro
sou forte e meigo quando te arrelio

seduzida pela voz grave e doce
ou pela robustez do duro falo
a princesa do burro enamorou-se
casaram amantes até ao cantar do galo

quem quer casar com a princesinha
que é bonita e formosinha
viajada tem lugares na gavetinha?...

quem quer? quem quer?
experimentar da princesinha
o desfolhar do malmequer

12/04/2009

TEMPESTADE DE AMOR!...

Estamos no cimo da falésia entre pinheiros e urzes, camarinheiras e insectos errantes que voltejam sobre nós, desde sempre, eles, o sol que cintila ao longe nas águas álgidas agitadas pelo vento que sopra forte de Sudoeste, que é de onde vem sempre a tempestade.
Um homem e uma mulher, como desde o principio, ou de como nos quiseram fazer crer que foi o principio e que tendo sido como o afirmaram, então toda a condenação do presente foi embutida na génese, pais copularam com as filhas, irmãos com irmãs, avós com netos..., como todos os outros animais...
Os teus olhos estão fixos nas aves que adejam sobre nós, que chilreiam comunicações mimosas, que se batem por um grão de poeira, de sementes trazidas pelo vento e se amam, visivelmente, se amam, a valsa do voo, o encanto, a melodia, a felicidade com que se agitam em volta de nós, dos nossos pensamentos.
Digo-te que o homem está cada vez mais isolado do conjunto. Destruiu uma parte substancial do Planeta e dos seus habitantes selvagens, porque não se deixaram amordaçar ás leis inventadas para amansar o homem. A floresta tem a sua própria lei para crescer e ser a casa de todos, o paraíso dos errantes.
Tu falas-me do mar, de como foi possível, sendo o mar tão vasto, num tão curto espaço de tempo, esgotar recursos pela apanha incontrolada e pelo lixo, desde a ponta de um cigarro ao atómico....destruir habitats, semear tempestades agrestes.
A tua mão e a minha acariciam o chão de barro da falésia, levantam crostas, conchas de moluscos antigos, cavalos marinhos, se cavássemos fundo talvez encontrássemos algum tesouro milenar, é assim o homem na sua ânsia de riqueza, destruir.
Vê o que fazem com a extracção do petróleo, vão cada vez mais longe na via que leva ao centro da terra e as minas!!!!...Na medida exacta em que falham, se esgotam os recursos, inventam ouras formas, antinatura, de gerar mais riqueza, criam regras, leis virtuais que não esperam cumprir. Inventam crises e soluções.
Já viste, disseste, pairam sobre nós, como duendes, zombies, manequins desajeitados, estulta magia, nuvens densas carregadas de amor. De Sudoeste só pode ser tempestade, digo para os teus olhos que me brilham para dentro de mim.
Olhando os céus, tu, o teu sorriso, harmoniosa. Penso, porque te amo tanto? Que força é esta que nos atrai, me suga toda a atenção, todo o meu sentir, me faz querer estar juntinho a ti, aspirar-te no todo, tão feminina, a saia subida deixando ver as pernas belas, os joelhos...
Adoro os teus joelhos, perfeitos , tudo de ti.
Tempestade, tomara que seja de amor, que varra o desespero, o ódio, a indiferença perante a insídia destruidora, que inunde mansamente os focos de pensamentos gelatinosos que resvalam de mentes gratinadas pela ganância dum poder efémero. E eram belos os teus lábios ao moverem-se sem azedume, suave e quente a tua voz, pujante de afirmação nas incertezas
Eu beijo os teus lábios púrpura, húmidos porque te provas, a língua em volta, sorvendo-te dos teus aromas e sabores. O vento ruge na ramaria, verga troncos, quebra ramos infelizes, fracos, a terra ganha cheiros de outros tempos, o mar enegrecido de repente, belo ainda assim, a crescer em empatia com o vento, cristas brancas formam ondas e caem pingos de amor sobre nós escondidos um no outro.